Entre humanos e plantas. Alianças ayahuasqueiras na Amazônia contemporânea.
Etnicidade - Xamanismo - Noke Koi - Yawanawa.
Tendo como ponto de partida as dinâmicas interétnicas e a “revitalização” do
xamanismo Noke Koî e Yawanawa, esta pesquisa busca esclarecer as relações humanos e
plantas na Amazônia contemporânea. O exame antropológico da redescoberta, busca e
significados correntes que circundam as plantas nos auxiliará na demarcação da dialética
semântica que ocorre nas alianças entre indígenas e cidadãos cosmopolitas, mediadas em
especial, mas não unicamente, pela ayahuasca. Retraçamos a origem dos usos de
“enteógenos” bem como dos conceitos chaves que conformaram o atual entendimento
científico e cultural globalizado sobre as plantas dessa natureza, criando assim o fundamento
reflexivo sobre o qual desenvolvemos a pesquisa etnográfica. Focalizando nos estudos
etnológicos das Terras Baixas da América do Sul destacamos a magnitude simbólica da
ayahuasca e outras poções, nas ontologias e nas práxis xamânicas, sua eficácia na mediação
das relações entre alteridades que integram o cosmos, a ancestralidade e o cotidiano dos povos
mencionados. Após a elucidação do papel das plantas na sociabilidade de ambas etnias,
descrevo a história e os aspectos sociológicos do movimento de “fortalecimento cultural” a
partir do xamanismo. Ayahuasca, tabaco e suas ritualísticas são facilitadores desses encontros
e alianças caracterizados pela contínua emergência de agregados simbólicos que delineiam o
espaço discursivo mutuamente inteligível. O percurso etnográfico, bem como a elaboração
sociohistórica e antropológica, tornam evidente o papel das plantas enquanto agentes
proeminentes do dinamismo identitário e cultural e mediadoras do presente elo com
segmentos das sociedades ocidentais, união pela qual humanos e plantas entrelaçam os nós de
uma emaranhada rede entre a floresta e o mundo.