USO DA FORÇA NA POLÍCIA MILITAR DE PERNAMBUCO: UMA AUTOETNOGRAFIA SOBRE A PERCEPÇÃO DAS TROPAS ESPECIAIS
Uso da Força; Autoetnografia; Percepções; Tropas Especiais
Com uma pesquisa calcada na perspectiva teórico-metodológica fornecida pela antropologia, de caráter autoetnográfico, e cotejada num recorte empírico direcionado aos que exercem (e exerceram) suas funções em unidades da Polícia Militar de Pernambuco denominadas de “especiais” com atividade profissional em todo território pernambucano: BOPE – Batalhão de Operações Policiais Especiais (antiga 1ª CIOE – Companhia Independente de Operações Especiais) e o BEPI – Batalhão Especializado de Policiamento do Interior (antiga CIOSAC – Companhia Independente de Operações de Sobrevivência na Área de Caatinga). A tese se apresenta sob a forma de um olhar atento e de múltiplos questionamentos epistemológicos à utilização da força policial em seu nível mais extremado, pelos integrantes dessas tropas especiais a partir da realização de uma autoetnografia - como forma de “escrita de si” (FOUCAULT, 1992), a qual combina características da autobiografia e da etnografia, no sentido de descrever e analisar (grafia) a experiência pessoal (auto) com o objetivo de compreender a experiência cultural (etno) (ELLIS, 2004; HOLMAN JONES, 2005), investigando as impressões provocadas por suas (nossas, e minhas) atuações. É nesse contexto que me incluo enquanto integrante da organização que ainda permite a alcunha da dúvida, entre o impedir à violência, e o seu patrocínio. E me coloco como sujeito da pesquisa, que ora se fundamenta na análise interpretativa e reflexiva sobre as percepções do uso da força. Assim, as construções mentais sobre o uso da força serão aqui estudadas, em meio aos procedimentos e atitudes, na medida em que as crenças forem produzidas e representadas na cultura da tropa, inclusive, partindo do “eu” (minha trajetória policial militar), e hoje, antropólogo, onde escrevo e analiso minhas experiências pessoais, no sentido referido por Foucault (1992, p.156): “Escrever é, portanto, ‘se mostrar’, se expor, fazer aparecer seu próprio rosto perto do outro”.