“Vamos tratar de um assunto sério, de forma não emocional”: Deslocamentos compulsórios e sofrimento nas Comunidades Quilombolas de Itacuruba – PE.
Comunidades quilombolas. Itacuruba – PE. Sofrimento
Ainda que a Constituição de 88 tenha representado significativas mudanças em relação ao reconhecimento de direitos aos sujeitos coletivos, principalmente para os povos e comunidades tradicionais, a relação entre políticas públicas consorciadas com agentes do capital privado vem trazendo consequências maléficas para tais sujeitos, respaldado no argumento desenvolvimento sustentável. Foi percebido que o Sertão pernambucano, especialmente o Sertão de Itaparica, uma microrregião composta por sete municípios (Belém de São Francisco; Carnaubeira da Penha; Floresta; Itacuruba; Jatobá; Petrolândia; Tacaratu) e com população estimada de 134.212, IBGE (2010) vem sofrendo com o assédio e a construção de obras de grande porte, como a usina hidroelétrica de Itaparica, transposição do rio São Francisco e a Ferrovia Transnordestina. Outro exemplo pode ser observado no Plano Nacional de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, que pretende até 2030 construir usinas nucleares no Nordeste, uma delas na cidade de Itacuruba. Este trabalho tem como objetivo realizar uma leitura antropológica sobre o sofrimento das comunidades quilombolas de Itacuruba impactadas por uma agenda de empreendimentos locais. Neste sentido, utilizo como base a antropologia das emoções, que tem como objeto analítico a emoção, a partir de diferentes abordagens. Nesta dissertação busquei pensar através de uma perspectiva diacrônica (historicista) e “contextualista”. Partido também de experiências e contatos com a temática anteriores à pesquisa, onde me questionei sobre como a cidade era vinculada na grande mídia: “a cidade dos depressivos”, e tendo como diagnostico o alto índice de suicídio, sendo um dos maiores do Brasil, além de outros problemas de saúde mental.