“FEMINISMO É REVOLUÇÃO!”: Coletivos Feministas e suas Práticas Políticas
Feminismo; Antropologia Feminista; Coletivas Feministas; Ativismo; Pandemia;
Esta pesquisa teve como objetivo compreender a atuação política das coletivas feministas de
Recife, a partir de suas formas de organização, dos ideários que defendem e das redes de
relações que percorrem no campo feminista. As coletivas feministas acompanhadas durante a
pesquisa, embora compartilhem dos mesmos contextos de atuação, apresentam formas de
articulação e ação diversas. Por outro lado, possuem algumas características em comum, por
exemplo, são formadas em sua maioria por mulheres jovens que estão inseridas no contexto
acadêmico, o que, consequentemente, acaba construindo uma relação intercambiável entre a
militância e o campo de produção de conhecimento numa perspectiva feminista. Nesse
sentido, as coletivas feministas etnografadas atuam a partir de orientações ideológicas como o
anarquismo, o veganismo e o autonomismo, propondo ainda uma organização horizontal e
pautada na “política do afeto” (CARMO, 2013). Com um olhar para o campo orientado a
partir da Antropologia feminista (MOORE, 2009) que propõe uma etnografia crítica e que
leva em consideração as relações de poder presentes no campo, articulada a uma compreensão
da produção do conhecimento como um ato político comprometido com as sujeitas da
pesquisa, partindo de um olhar situado e corporificado nos termos de Donna Haraway (1995),
delineamos o percurso teórico-metodológico. Sendo assim, foram acompanhados eventos,
reuniões e atos públicos organizados e realizados pelas coletivas feministas, ora
individualmente, ora em parceria, seja entre elas ou com outros/os atores/atrizes do campo de
luta feminista de Recife-PE, com destaque para eventos de grande mobilização e participação
como o 8 de março (Dia Internacional da Mulher) de (2019) e a Marcha das Vadias (2019).
Contudo, é preciso salientar que algumas ferramentas metodológicas necessitaram de
adaptações devido o contexto de desenvolvimento desta pesquisa ter sido perpassado pela
pandemia do Covid-19. Tal contexto não somente provocou adaptações nos fazeres das
pesquisas, mas também nas formas de ativismo e atuação política das coletivas feministas,
algo observado nesta pesquisa. Outro evento atenuante que produziu modificações nas ações
das coletivas acompanhadas foi o horizonte social e político instaurado após a vitória do
presidente eleito Jair Messias Bolsonaro (2019-2022).