Banca de DEFESA: PRISCILLA BRAGA BELTRAME

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: PRISCILLA BRAGA BELTRAME
DATA : 31/08/2023
HORA: 14:00
LOCAL: REMOTO
TÍTULO:

"Meu medo era ser obrigada!": uma etnografia do aborto ilegal


PALAVRAS-CHAVES:

Aborto Ilegal; Estudos de Gênero e Feministas;  Antropologia; Etnografia;


PÁGINAS: 141
RESUMO:

Estudos a respeito da criminalização do aborto comprovam que esta política restritiva, além de não funcionar para a redução do número de abortos, é responsável pela alta da taxa de mortalidade materna e falta de respeito à autonomia sexual e reprodutiva das mulheres, sendo um obstáculo para o acesso aos direitos de cidadania. Além disso, sabe-se que a manutenção da criminalização do aborto, pela pressão no poder legislativo de políticos representantes de propostas da extrema direita atreladas e uma noção de religião fundamentalista, tem por intenção, por meio do controle da sexualidade e reprodução das mulheres, obter poder político e econômico em uma articulação entre elite econômica e grupos fundamentalistas religiosos. Esta etnografia tem como objetivo apresentar as narrativas das trajetórias de aborto ilegal de mulheres residentes na cidade do Recife-PE. Foi construída com base em trabalho de campo na região metropolitana do Recife, ao longo de três anos (2000 a 2023), com mulheres com faixa etária entre 20 e 40 anos, que interromperam a gestação ilegalmente da segunda metade da década de 2000 até 2022. A maioria das interlocutoras da pesquisa tem ensino superior e as demais estão cursando este nível de ensino e defendem o direito da mulher à autonomia reprodutiva. A pesquisa foi realizada no contexto de aumento de conservadorismo e de tentativas de criminalizar os permissivos legais existentes, ampliando a criminalização e a negatividade que o aborto representa para a maior parte da sociedade brasileira. Por outro lado, as interlocutoras desta pesquisa, mesmo em um contexto de ilegalidade da prática, decidiram interromper a gestação indesejada e nas suas narrativas demonstraram uma possível discordância do modelo de gênero hegemônico de maternidade (este caracterizado pela maternidade compulsória) entendendo a maternidade como uma escolha, uma decisão em ser mãe, próxima de um modelo contra-hegemônico de maternidade. O silêncio relacionado à prática aparece como uma ferramenta de resistência por se proteger tanto do caráter acentuadamente negativo do aborto na cultura brasileira, quanto como proteção para proteger a decisão da interrupção e a escolha pela não-maternidade. A ilegalidade da prática coloca as mulheres em situação de medo constante seja o medo da obrigatoriedade da maternidade, o medo de problemas de saúde ou óbito decorrente do aborto e o medo das consequências jurídicas da decisão pela interrupção. Assim, o aborto enquanto uma prática cultural tem como uma das bases de sua criminalização, a falta de respeito à pluralidade cultural dos modelos de gênero, especialmente no que tange à maternidade.

 

 


MEMBROS DA BANCA:
Externa à Instituição - SUSANA ROSTAGNOL
Interna - 2510116 - ANA CLAUDIA RODRIGUES DA SILVA
Presidente - 3199677 - MARION TEODOSIO DE QUADROS
Externa à Instituição - ROZELI MARIA PORTO
Interno - 2130752 - RUSSELL PARRY SCOTT
Notícia cadastrada em: 23/08/2023 11:05
SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação (STI-UFPE) - (81) 2126-7777 | Copyright © 2006-2024 - UFRN - sigaa08.ufpe.br.sigaa08