CROCHETEANDO NARRATIVAS DE VIDA E IDENTIDADE SOCIOCULTURAL DE DUAS MULHERES NEGRAS E SEUS APAGAMENTOS NO ÂMBITO DA ARTE, DA EDUCAÇÃO E DO IMAGINÁRIO
Imaginário; Mulher Negra, Narrativas de vida; Identidade Sociocultural; Educação não formal.
Esta pesquisa versa sobre o entrelaçamento entre imaginário, narrativas de vida
e identidade sociocultural de duas mulheres negras e periféricas, Neide Moreira e Wanda
Moreira, conhecidas carinhosamente por “Tia Neide” e “Tia Wanda”, respectivamente.
Esta investigação tem por objetivo compreender como se dá a aprendizagem e os
apagamentos na educação de mulheres negras artistas a partir da sua identidade
sociocultural e suas narrativas de vida. Tomando como base a teoria do imaginário
estruturada por Gilbert Durand vou procurar entender esse processo de
ensino/aprendizagem, como e porquê se dá o apagamento dessas mulheres artistas na
educação. Essa pesquisa possui caráter qualitativo, trata-se de uma bricolagem de
abordagens qualitativas e suas possibilidades metodológicas, utilizando a revisão
sistemática (RS), entrevistas livres e semiestruturadas aplicadas às colaboradoras
juntamente com relatos feitos por amigos/as e familiares das tias Neyde e Wanda sobre
suas co-vivências. Desde já trazendo à tona aspectos que transpassam o percurso dos
processos artísticos e criativos na construção da identidade dessas mulheres. Com esta
investigação pretendo, inicialmente, identificar por meio da mitocrítica, os símbolos, os
mitos e os arquétipos que permeiam a produção artística destas mulheres. “Tia Neide” e
“Tia Wanda”, assim como eu, descobrimos na maturidade o nosso potencial artístico e
criador. Neyde Moreira e Wanda Moreira tiveram um acesso precário à aprendizagem
oferecida pelos ambientes formais de educação. Atualmente, uma com noventa e a outra
com oitenta e nove anos de idade, possuem uma produção artística, na qual arte e vida
se confundem. A criação destas mulheres tem uma linguagem própria, inter relacionada
com a trajetória vivenciada enquanto sujeitas, pertencentes a uma sociedade patriarcal e
racista. Para reconhecer o potencial transmutador gerado pela educação e pela arte, a
pesquisa contempla espaços não-formais e informais de educação como ambiente
transformador, possibilitando um mergulho nos entendimentos relativos aos percursos de
aprendizagens significativas e inclusivas na vida artística de mulheres negras e
periféricas.