ARTE E MORTE: O CEMITÉRIO DE SANTO AMARO (PE) COMO CAMPO DE PESQUISA EM/SOBRE ARTES VISUAIS
Artes Visuais. Arte tumular. Cemitério. Escultura fúnebre. Morte
As relações entre arte e morte são mais intrincadas do que se parece à primeira vista. A ciência da irreparabilidade da morte impulsionou o ser humano à criação das imagens, que viriam a substituir os mortos e fazer dos cemitérios antigos, os nossos primeiros museus. A partir disso, esta dissertação tem o objetivo explorar o acervo artístico tumular do Cemitério de Santo Amaro, no Recife, sob a ótica das artes visuais com a finalidade de fortalecer os cemitérios secularizados como locais de pesquisa e laboratório de análise imagética. Para criar uma narrativa sobre esses entrecruzamentos entre os temas da morte e a arte, será feita uma discussão teórica inicial com o suporte visual da estética mortuária europeia clássica, que criará um terreno favorável para notar a sobrevivência de fórmulas antigas nas artes tumulares do cemitério referido. Bem como será feito um apanhado histórico sobre as condições que impulsionaram o surgimento das necrópoles, separando o mundo dos vivos e dos mortos para, a seguir, trazer esse contexto para a instauração do Cemitério de Santo Amaro no Recife, passeando brevemente pelas questões particulares a este cemitério. Através da abordagem do historiador de arte alemão Aby Warburg e com o suporte metodológico de outros teóricos, espera-se ilustrar um caminho para analisar as representações do corpo feminino nas artes tumulares e as fórmulas e caminhos interpretativos que elas continuam a evocar na contemporaneidade, bem como mostrar a repetição de tais fórmulas funerárias em outros contextos e suportes artísticos de modo a proporcionar uma discussão acerca da naturalização dos temas da morte e do espaço cemiterial que tantos elos possui com o mundo dos vivos.