“Refazimento”: o corpo negro feminino na obra de Rosana Paulino
Corpo feminino negro; Rosana Paulino; Refazimento; Mulheres mangue;
Jatobá; Arte contemporânea
A arte contemporânea brasileira tem se posicionado de forma contundente nos debates
sobre gênero e raça na atualidade. Neste cenário, Rosana Paulino, artista paulistana e mulher negra,
apresenta reflexões e posicionamentos marcantes acerca de questões sociais como discriminação e
racismo, centrando sua poética nas vivências das mulheres negras brasileiras e nos vários tipos de
violência sofridos por esta população. Considerando a obra de Paulino, esta proposta de dissertação
tem como objetivo compreender e analisar a representação de corpos femininos negros (re)criados
pela artista, tomando como base referências da história e teoria da arte, com foco na arte
contemporânea, bem como perspectivas feministas críticas e decoloniais que orientam o debate sobre
questões raciais e de gênero na arte. Nesta direção, busca compreender como corpo da mulher negra
na obra da artista ganha significados por meio de uma metodologia particular que emprega a costura
das memórias e articula poeticamente materialidades têxteis com fotografias, comunicando histórias
e vivências de existir que atravessam e configuram o ser/viver como mulher negra no Brasil e no
mundo. As séries Mulheres Jatobás (2019), Mulher Búfala(2019) e Mulheres Mangues(2023)
selecionadas para a pesquisa, são representativas das questões centrais que Paulino desenvolve, se
destacando pela narrativa contra-oficial da colonização portuguesa no Brasil que apresenta e pela
experiência do corpo feminino negro que (re)elabora. Nessas obras, a artista articula reflexões
originais dos anseios que contornam as relações entre produções artísticas e expectativas sociais de
gênero, apresentando uma crítica às noções tradicionais de feminilidade, amplamente disseminadas
em nossa cultura.