EFEITO DE PREPARAÇÕES DE FLORES DE Moringa oleifera SOBRE Leishmania sp. E Trypanosoma cruzi
Inibidor de protease, Moringa oleifera, Atividade antiparasitária, Metabólitos secundários.
A doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, ocorre principalmente na América Latina e é potencialmente letal. Estima-se que 6 a 7 milhões de indivíduos estejam infectados por T. cruzi em todo o mundo. Por sua vez, a leishmaniose é uma doença infecciosa causada por mais de 20 espécies de protozoários do gênero Leishmania. Cerca de 1 milhão de novos casos ocorrem anualmente, com 26.000 a 65.000 mortes. A busca por novos antiparasitários mais seletivos e que causem menos efeitos adversos é urgente. Este trabalho avaliou o inibidor de tripsina (MoFTI) e frações ricas em metabólitos secundários obtidas de flores de Moringa oleifera quanto ao potencial antiparasitário contra T. cruzi, Leishmaniabraziliensis e Leishmaniainfantum, bem como quanto ao efeito imunomodulador sobre células mononucleares de sangue periférico humanas (PBMCs) infectadas pelos parasitas. Flores frescas foram homogeneizadas com água destilada para obtenção do extrato aquoso (EA), a partir do qual MoFTI foi isolado por cromatografia de afinidade em coluna Tripsina-Agarose. Já as frações ricas em metabólitos (F1 a F4) foram obtidas a partir de EA por extração em fase sólida SPE-C18, utilizando soluções com diferentes polaridades. Análise por HPLC revelou a presença de flavonoides apenas em F3 e F4. Dessa forma, MoFTI, F3 e F4 foram avaliados quanto ao efeito na sobrevivência de tripomastigotas de T. cruzi, acarretando lise com CL50 (concentração letal para 50% dos parasitas) de 43,5, 358,38 e 248,73 µg/mL, respectivamente. Não foi detectada citotoxicidade para PBMCs de MoFTI (CC50 >500 µg/mL), F3 e F4 (CC50 > 2000 µg/mL), sendo obtidos, respectivamente, índices de seletividade (IS) de >11,48, >5,58 e >8,04 para tripomastigotas de T. cruzi. PBMCs infectadas por T. cruzi tratadas com MoFTI (43,5 ou 87,0 µg/mL), F3 (358 ou 716 µg/mL) e F4 (248 ou 497 µg/mL) mostraram secreção aumentada das citocinas pró-inflamatórias TNF-α e IFN-γ. Adicionalmente, houve estímulo da liberação de IL-10 por células tratadas com MoFTI, de IL-17 por células tratadas com F3 ou F4, e de IL-2 por células tratadas com F4. Ação leishmanicida foi detectada para promastigotas de L. braziliensis com CL50 de 138,82 (IS= >3,60), 177,77 (IS= > 11,25) e 175,75 µg/mL (IS= >11,37) para MoFTI, F3 e F4, respectivamente. Para promastigotas de L. infantum, MoFTI e F3 apresentaram ação leishmanicida com CL50 de 268,6 µg/mL (IS>1,86) e 1347,61 µg/mL (>1,48), respectivamente, enquanto F4 (2000 µg/mL) não afetou a sobrevivência dos parasitas. PBMCs infectadas por L. brasiliensis tratadas com MoFTI (138,82 µg/mL) apresentaram aumento na liberação de IFN-γ, enquanto F3 (177,77 µg/mL) e F4 (175,75 µg/mL) não alteraram os níveis de liberação das citocinas. Os dados revelados neste trabalho apontam MoFTI, F3 e F4 como agentes antiparasitários contra T. cruzi, L. braziliensis e L. infantum com baixa toxicidade para células humanas, bem como potencial imunomodulador sobre a infecção de PBMCs por T. cruzi e por L. braziliensis.