PERFIL DE RESISTÊNCIA, VIRULÊNCIA E CLONALIDADE EM ISOLADOS DE Acinetobacter baumannii ASSOCIADOS A PACIENTES DE UTI SRAG/COVID-19 EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA EM RECIFE, PERNAMBUCO, BRASIL
Resistência bactereiana; Acinetobacter baumannii; Pandemia de coronavírus; Infecção hospitalar; ERIC-PCR.
A pandemia causada pelo novo coronavírus, o SARS-CoV-2, detectada em dezembro de 2019, trouxe consigo várias problemáticas. Durante seu acontecimento houve aumento significativo pela demanda de leitos de enfermaria e Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s). Muitos desses pacientes foram colonizados e desenvolveram co-infecções oriundas do ambiente hospitalar. O objetivo deste trabalho foi investigar a ocorrência de β–lactamases e Enzimas Modificadoras de Aminoglicosídeos (EMA’s), além da capacidade para formação de biofilmes em isolados de Acinetobacter baumannii provenientes de um surto ocorrido em uma UTI-COVID de um hospital público em Recife-PE, durante os anos de 2020 a 2021. Foram analisados 36 isolados de A. baumanii, identificados inicialmente pelo equipamento Phoenix-BDTM M50 e confirmados pela Matrix-Assisted Laser Desorption/Ionization Time-of-Flight Mass Spectrometryv (MALDi-TOF-MS). Estes, foram analisados quanto ao seu perfil de resistência fenotípico através do Phoenix-BDTM M50 e submetidos à reação em Cadeia da Polimerase – PCR para detecção de genes β-lactâmicos (blaKPC, blaIMP, blaVIM e blaSHV) e aminoglicosídeos (aac (6’)-Ib-cr, ant (3’’)-Ia e aph (3’’)-Ia). Todos os genes tiveram amostras purificadas e sequenciadas para confirmação da região amplificada. Adicionalmente, foi avaliado o potencial para formação de biofilme por meio do método Cristal Violeta e, por fim, foi realizada a reação em cadeia da polimerase (PCR) do consenso repetitivo intergênico enterobacteriano (ERIC-PCR) para avaliar a relação clonal dos isolados. Os dados confirmaram que os isolados correspondem a A. baumanii, e apresentam perfis de resistência/suscetibilidade distintos. Foi observada a disseminação de 5,4% (n=2) bactérias Multidroga-Resistentes (MDR); 75,67% (n=28) Extensivamente-Resistentes (XDR) e 18,9% (n=7) N-MDR. Ainda em relação ao perfil fenotipico de resistência, dois isolados (AB21; AB30) foram resistentes à colistina. Em relação às analises moleculares dos β-lactâmicos, foi observada a incidência do gene blaVIM 18,91% (n=7), seguido do blaSHV: 16,21% (n=6), blaKPC: 10,81% (n=4) e blaIMP 8,10% (n=3). Já em relação aos aminoglicosídeos, houve uma predominância do aac (6’)-Ib-cr 25% (n=9), seguido do ant (3’’)-Ia, 13,88% (n=5), e do aph (3’’)-Ia 5,33% (n=2). Todos os isolados formaram biofilme, porém com diferentes intensidades. Não foi possível correlacionar o perfil de resistência com a capacidade de formação de biofilmes. Pela técnica de ERIC-PCR foram encontrados, 22 perfis genéticos indicando uma disseminação clonal nos ambientes investigados. Os dados encontrados são alarmantes e revelam a crescente capacidade adaptativa da espécie A. baumannii no ambiente hospitalar, o que dificulta e retarda seu tratamento. A presença de clones dessa espécie enfatiza a necessidade de monitoramento constante e vigilância epidemiológica para combater essas infecções hospitalares.