CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DA NARRATIVA E ROTEIRO PARA CONFECÇÃO DE UM VÍDEO EDUCACIONAL SOBRE TRABALHO DE PARTO PARA SURDAS
Educação em saúde. Surdez. Trabalho de parto. Tecnologia educacional. Enfermagem.
Aproximadamente 9,7 milhões de brasileiros com deficiência auditiva, e que enfrentam vulnerabilidades nos aspectos sociais e nas necessidades de saúde devido à barreira comunicacional. A mulher surda ao encontrar-se gestante se depara com barreiras de comunicação com a equipe de saúde, podendo ter efeito negativo neste momento único. A necessidade de estratégias educacionais, como vídeos em Libras, promove uma assistência de qualidade e inclusiva. A promoção da inclusão ativa durante a gravidez busca reduzir medos e tensões, onde a educação em saúde e o uso de tecnologias educacionais permite acessibilidade e informação durante o trabalho de parto. Diante disso, é relevante a construção e validação de tecnologias educacionais para a promoção da saúde da população surda. O estudo possui o objetivo de construir e validar a narrativa e roteiro sobre trabalho de parto para surdas. Trata-se de um estudo metodológico desenvolvido em três etapas: 1- Levantamento das necessidades das mulheres surdas por meio de entrevistas com o público-alvo e referencial teórico; 2- Construção da narrativa e roteiro baseado na primeira etapa; 3- Validação da narrativa e roteiro com especialistas. A coleta de dados só iniciou após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. Para as entrevistas, utilizou-se uma intérprete de Libras, além do diário de campo e filmagem de cada encontro com objetivo de garantir maior fidedignidade nas falas, utilizando o critério de saturação dos dados. As narrativas foram transcritas, conferidas por dois pesquisadores e analisadas utilizando o referencial metodológico da análise de conteúdo orientada por Bardin. Todas as entrevistadas concordaram que os profissionais enfrentam dificuldades em orientá-las devido à falta de familiaridade com a Libras. Durante as entrevistas, observou-se discursos emocionados, evidenciados por expressões corporais e faciais, proporcionando um momento profundamente enriquecedor. A análise revelou três subcategorias: Não ter conhecimento sobre a gravidez; Direitos da gestante surda; Sinais e sintomas do trabalho de parto. A narrativa e roteiro foram desenvolvidos com base nas necessidades das entrevistadas e no Manual de Boas Práticas de Atenção ao Parto e Nascimento. A validação de conteúdo foi realizada com 24 juízes, selecionados por amostragem intencional através de consulta ao currículo Lattes, seguindo a técnica de amostragem tipo "Bola de Neve". A validação de conteúdo considerou nove itens, e calculados o Índice de Coeficiente de Validade em Nível de Item (I-CVI ≥ 0,80), onde em sua maioria foi de 1,0 com nível elevado de concordância, quanto ao conteúdo e roteiro a concordância apresentou média de 99%. Não houve discordância entre os juízes, assim, os itens foram validados como adequados. Os especialistas sugeriram modificações na narrativa e roteiro, aprimorando e reduzindo a possibilidade de incompreensões por parte das surdas. A etapa final, o material do roteiro foi construído com o objetivo de tornar as mulheres surdas protagonistas no processo de trabalho de parto. Espera-se que a narrativa e roteiro possa de fato capacitá-las a desempenhar a autonomia e o protagonismo no momento do trabalho de parto. Tendo a possibilidade de ser aplicado em diferentes contextos.