"DESENVOLVIMENTO DE NANOPARTÍCULAS COM EXTRATO DE AMOREIRA (Morus nigra L.) COMO ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA CONTRA A HIPERTENSÃO ARTERIAL"
Nanocarreador.; administração oral; liberação modificada; experimental design.
A hipertensão arterial é uma preocupação global de saúde, especialmente no Brasil, onde os tratamentos atuais apresentam limitações. Busca-se por alternativas terapêuticas promissoras, como os compostos fenólicos das folhas de Morus nigra L., que mostram potencial na regulação da pressão arterial. Nesse contexto, este estudo visou desenvolver nanopartículas contendo compostos fenólicos do extrato aquoso de Morus nigra L. para o tratamento da hipertensão arterial. Inicialmente, houve um controle e padronização das condições extrativas do extrato de Morus nigra L. obtido por folhas de duas localidades diferentes (Pernambuco PE e Paraíba PB, Brasil), utilizando um planejamento fatorial fracionado para maximização dos compostos majoritários por cromatografia liquida de alta eficiência (HPLC). Além disso, foi determinado o teor de compostos fenólicos totais, bem como, atividade antioxidante para comparação dos extratos escolhidos. Para o desenvolvimento das formulações, foi efetivada uma otimização através de planejamento experimental de triagem (fatorial fracionado) e de superfície (Box-Behnken), que possibilitou a escolha de NPs com melhor tamanho, índice de polidispersão (PDI), potencial zeta (PZ) e eficiência de encapsulamento (EE) através de duas técnicas de obtenção de NPs (nanoprecipitação e dupla emulsificação por evaporação do solvente). Além disso, foi realizado o teste de compatibilidade entre os componentes da formulação Espectroscopia de Infravermelho (FTIR) e Termogravimetria (TG). Os NPs escolhidos também foram caracterizados por testes in vitro de cinética de liberação, Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e citotoxicidade em células endoteliais. Desta forma, amaior concentração de fenólicos consistiu do extrato obtido da PB com 7,05 mg equivalentes de ácido gálico/g de amostra, enquanto o extrato obtido de PE apresentou 3,42 mg equivalente de ácido gálico/ g de amostra. Os resultados dos estudos revelaram que o extrato aquoso obtido no estado da PB teve a atividade inibitória do radical DPPH maior (43,99%), comparado ao estado de PE (29,33%), sendo assim, o extrato da PB com condições extrativas de infusão usando temperatura de 85°C; droga:solvente (25:250) e tempo de 30 minutos foi o escolhido para encapsulação em NPs. Os resultados demonstraram compatibilidade entre o extrato e os componentes da formulação. O planejamento experimental resultou em NPs com tamanho de 175 nm, PDI 0,1855, PZ + 35,2 mV e EE 93,46% para dupla emulsificação, enquanto que para o método de nanoprecipitação, obteve NPs com tamanho de 274 nm, PZ +41,4 mV e EE 89,39%. O MEV comprovou a formação de NPs esféricas, lisas e com tamanhos similares ao encontrado por espalhamento de luz.A liberação dos compostos fenólicos nas NPs foi adequada ao modelo de Weibull, com cinética de liberação anômala e super caso II para nanoprecipitação e dupla emulsificação respectivamente, com liofilização através da utilização do crioprotetor maltodextrina nas mesmas condições. Não houve citotoxicidade em células endoteliais pelo extrato aquoso, enquanto as NPs foram citotóxicas nas concentrações acima de 375 µg/mL. Portanto, foi possível obter NPs com propriedades físico-quimicas adequadas, com cinética de liberação prolongada, que podem ser encorajadas para administração oral, porém, mais estudos são necessários para comprovar sua eficácia e desempenho.