EFEITO DA AGMATINA NA LESÃO TUBULAR AGUDA INDUZIDA POR ISQUEMIA-REPERFUSÃO
Agmatina; Estresse oxidativo; Isquemia-reperfusão renal; NADPH oxidase; Transporte tubular de sódio.
A lesão tubular aguda (LTA) é um achado clínico comum na lesão renal aguda (LRA) induzida por isquemia-reperfusão, onde se observa uma deficiência na reabsorção proximal de fluido dependente de ATP. O estresse oxidativo é um fator fisiopatológico importante nessa situação. A agmatina é um metabólito secundário da L-arginina que apresenta efeitos protetores contra a lesão renal por mecanismos antioxidantes. Dessa forma, o presente trabalho investigou se a agmatina apresenta efeito protetor sobre o transporte tubular de Na+ dependente de ATP na isquemia-reperfusão renal, bem como, se os seus efeitos sobre a modulação do balanço redox envolvem a modulação da NADPH oxidase. A exposição de células LLC-PK1, uma linhagem imortalizada de células do túbulo proximal, a concentrações crescentes de agmatina até 10-4M, por períodos de até 24 horas, não influenciou a viabilidade celular em condições normais. Por outro lado, a agmatina apresentou uma resposta protetora concentração-dependente sobre a redução da viabilidade celular induzida pela hipóxia-reoxigenação, onde o efeito protetor da agmatina foi observado a partir da exposição prévia por uma hora a uma concentração de 10-6M. Em ratos, o tratamento com agmatina (1 mg/kg de peso corpóreo, p.o.) atenuou o impacto da isquemia-reperfusão renal sobre a elevação dos níveis séricos de creatinina e ureia, bem como, sobre a elevação da excreção urinária de proteína. A agmatina também suavizou a inibição da atividade das ATPases transportadoras de Na+ e a elevação da peroxidação lipídica renal induzida pela isquemia-reperfusão renal. A ação da agmatina sobre o balanço redox renal foi mediada por estimulação da atividade da superóxido dismutase e da catalase, bem como diminuição da produção basal de ânions superóxido e da atividade da NADPH oxidase. Em conclusão, os presentes resultados indicam que a agmatina é uma substância segura para as células do epitélio tubular proximal, capaz de exercer ações protetoras sobre a lesão tubular aguda induzida pela isquemia-reperfusão renal. O mecanismo de proteção da agmatina parece fortemente vinculado a sua ação antioxidante, que é, pelo menos em parte, dependente da inibição da NADPH oxidase. Esses dados pré-clínicos fortalecem o uso da agmatina como ferramenta terapêutica para a lesão renal.