Purificação de lectina de folhas de Bowdichia virgilioides, interação molecular e avaliação fitoquímica e biológica do extrato salino
Bowdichia virgilioides. Lectina. Purificação. Interação Molecular. Extrato. Fitoquímica. Atividades Biológicas
As plantas são fontes naturais de muitas moléculas biologicamente ativas, como lectinas, que são proteínas ou glicoproteína capazes de reconhecer e se ligar a carboidratos ou glicoconjugados de maneira específica e reversível. E também é fonte de muitos outros metabólitos com alto potencial biotecnológico. Nesse sentido, o objetivo dessa tese foi purificar lectina de folhas de B. virgiliodes, analisar sua interação molecular, e avaliar seu extrato salino, quanto a composição química e atividades biológicas. Para purificação da lectina foi preparado extrato salino das folhas a 10% p/v NaCl 0,15 M (16 h em agitação, a 25°C), em seguida foi centrifugado, filtrado, e o sobrenadante foi dialisado e liofilizado (extrato salino). Posteriormente esse produto foi ressuspendido em água destilada e purificado em duas etapas de cromatografia de gel filtração, para obtenção da lectina. Após a purificação, foi realizado AH, inibição da AH por proteínas e carboidratos, e avaliação da interação lectina-proteína por espectroscopia UV-Vis, fluorescência e RMN, além de ensaio antioxidante, hemolítico e toxicidade em Allium cepa e Lactuca sativa. Com o extrato salino foi analisado a composição química por LC-MS e avaliado sua ação: antioxidante, antibacteriana, antifúngica, antibiofilme, citotóxica, hemolítica, anti-hemolítica, proteção solar, larvicida e proteolítica. Por fim, foi quantificado fenóis, proteínas, carboidratos (totais e redutores) e ácido hexurônico. Os resultados apresentam a purificação de lectina de folhas de B. virgilioides, BovLL. A qual apresentou interação com proteínas e carboidratos, em todas as técnicas testadas. No ensaio antioxidante, BovLL apresentou capacidade significativa de absorção do radical DPPH e essa capacidade foi intensificada após interação com carboidratos. Finalmente a lectina não apresentou toxicidade até 250 µg / mL. Nos ensaios com o extrato, foram identificados seis compostos majoritários e suas respectivas massas. O mesmo apresentou atividade antioxidante por DPPH, ABTS e FRAP. Atividade antibacteriana para Gram-positivas, S. pyogenes, S. aureus e E. faecalis (CMI e CMB: 250 e 500; 500 e 1000; e 1000 e 2000 µg / mL, respectivamente). Citotoxicidade em células cancerígenas (HT-29) a 125 µg / mL e não para células normais (L929) até 500 µg / mL. Não apresentou toxicidade em larvas de A. salina e A. aegypti até 250 µg / mL e 1000 µg / mL, respectivamente. Não foi hemolítico até 2000 µg / mL, e foi anti-hemolítico até 1,95 µg / mL. O espectro de absorção revelou pico máximo em 280 nm (UVB) e FPS de 25,24 a 2000 µg / mL. Também apresentou 80% (U / mg) de atividade proteolítica. Finalmente foi quantificado o conteúdo de proteínas, açúcares (totais e redutores), ácido hexurônico, e fenóis, respectivamente: 10 mg / mL, 62,85%, 17,0%, 19,18%, e 235,759 mg GAE / g (em 2000 µg / mL).Portanto, foi purificada a primeira lectina de folhas de B. virgilioides (BovLL), com interações e biologia estudadas. E também foi obtido o extrato salino, com seis compostos químicos identificados e diferentes atividades biológicas testadas.