AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA E ANTINOCICEPTIVA DE EXTRATO E FRAÇÕES OBTIDOS A PARTIR DAS FOLHAS DE EUGENIA UNIFLORA LINN
Eugenia uniflora. Anti-inflamatório. Antinociceptivo. Miricitrina. Agonista
Eugenia uniflora L. (Myrtaceae), conhecida como pitanga, é uma espécie usada na medicina tradicional que possui atividades biológicas já descritas na literatura, tais como antioxidante, anti-inflamatória, antinociceptiva, que estão associadas à presença de flavonoides, ácidos fenólicos, taninos hidrolisáveis e óleos essenciais. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho
foi avaliar as atividades anti-inflamatória e antinociceptiva do extrato seco por aspersão (ESA) das folhas de E. uniflora e investigar o mecanismo de ação envolvido na atividade antinociceptiva de frações obtidas. O extrato foi obtido por turbólise utilizando a mistura água: etanol: propilenoglicol como solvente, e em seguida, foi submetido à secagem por spray dryer. O ESA foi submetido a sucessivas partições com hexano, água e acetato de etila, originando frações FH, FAqr e FAE respectivamente. A caracterização do ESA e frações foi realizada por cromatografia em camada delgada (CCD) e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Nos ensaios in vivo foram utilizados camundongos Swiss (Comitê de ética: nº 0068/2020) para avaliar as atividades anti-inflamatória (testes de edema de pata e de peritonite, ambos induzidos por carragenina) e antinociceptiva (testes de contorções abdominais induzidas por ácido acético, formalina e movimento de cauda). Na investigação do possível mecanismo de ação, foi realizado o teste da formalina com as frações frente a ação de um bloqueador opioide não seletivo (naloxona). Como resultados foi possível detectar a presença de polifenóis, incluindo os marcadores ácido gálico e ácido elágico e miricitrina por CCD, com bandas mais evidentes no ESA e FAE. O perfil observado por CCD, foi confirmado por CLAE e corroboram com dados da literatura para extratos da espécie. O ESA demonstrou atividade anti inflamatória diminuindo o edema de pata de forma constante durante todo o experimento, bem como diminuindo a migração leucocitária para a cavidade peritoneal. Nos testes de nocicepção, ESA foi capaz de reduzir o número de contorções induzidas por ácido acético, diminuiu o tempo de lambedura de pata no teste da formalina e aumentou a latência para movimento de cauda em banho quente. Durante a avaliação de mecanismo de ação a FAE demonstrou atividade antinociceptiva superior a FAqr, e considerando a análise fitoquímica sugere-se que o composto relacionado a essa atividade seja o flavonoide miricitrina, visto que está presente apenas na FAE. Confrontando FAE e FAqr (25 mg/kg) com o bloqueador naloxona, houve um aumento no tempo de lambedura, indicando que a atividade antinociceptiva percebida anteriormente se dá através de receptores opioides. Considerando estes resultados, concluímos que E. uniflora confere potencial terapêutico com propriedades anti-inflamatórias e antinociceptivas e de acordo com a a investigação de mecanismo de ação, sugerimos que estas atividades estejam relacionadas a presença de flavonoides e mais especificamente a miricitrina enriquecidos na FAE, através da atuação em receptores opioides.