"DESENVOLVIMENTO DE NANOPARTÍCULAS, UTILIZANDO O EXTRATO DE AMOREIRA (Morus nigra L.), CONTRA A HIPERTENSÃO ARTERIAL, PARA OBTENÇÃO DE FORMA FARMACÊUTICA"
Morus nigra L.; administração oral; liberação modificada
A hipertensão é uma doença crônica definida como pressão arterial sistólica e diastólica igual ou superior a 140/90 mmHg, ocupando o primeiro lugar na lista da contagem global. No Brasil, os medicamentos disponíveis promovem efeitos adversos e baixa adesão ao tratamento. Por isso, uma das alternativas que podem contornar esses problemas estão a utilização de novas formulações e compostos que podem oferecer uma eficácia melhor ou adicional no controle da pressão arterial. Entre as alternativas, as folhas de Morus nigra L. vem sendo extensivamente explorada devido a presença de diversos metabólitos secundários, que podem apresentar uma série de benefícios, dentre eles: regulação da pressão arterial. A encapsulação desses compostos fenólicos em nanopartículas poliméricas (NPs), podem conferir uma liberação prolongada e/ou controlada, maior absorção intestinal e biodisponibilidade oral, o que pode aumentar a adesão dos pacientes ao tratamento. Nesse contexto, esse trabalho visa desenvolver NPs contendo compostos fenólicos a partir do extrato aquoso de Morus nigra L. como alternativa terapêutica de uso oral para hipertensão arterial. Inicialmente, houve um controle e padronização das condições extrativas do extrato de Morus nigra L. obtido por folhas de duas localidades diferentes (Pernambuco (PE) e Paraíba (PB), Brasil), utilizando um planejamento fatorial fracionado para maximização dos compostos majoritários por cromatografia liquida de alta eficiência. Além disso, foi determinado o teor de compostos fenólicos totais, bem como, atividade antioxidante para comparação dos extratos escolhidos. Para o desenvolvimento das formulações, foi efetivada uma otimização através de planejamento experimental de triagem (fatorial fracionado) e de superfície (Box-Behnken), que possibilitou a escolha de NPs com melhor tamanho, índice de polidispersão (PDI), potencial zeta (PZ) e eficiência de encapsulamento (EE) através de duas técnicas de obtenção de NPs (nanoprecipitação e dupla emulsificação por evaporação do solvente). Além disso, foi obtido o teste de compatibilidade entre os componentes da formulação utilizando Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR) e Termogravimetria (TG). Os NPs escolhidos também foram caracterizados por testes in vitro de cinética de liberação e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). Desta forma, a maior concentração de fenólicos consistiu do extrato obtido da PB com 7,05 mg equivalentes de ácido gálico/g de amostra, enquanto o extrato obtido de PE apresentou 3,42 mg equivalente de ácido gálico/ g de amostra. Os resultados dos estudos revelaram que o extrato aquoso obtido no estado da PB teve a atividade inibitória do radical DPPH maior (43,99%), comparado ao estado de PE (29,33%), sendo assim, o extrato da PB com condições extrativas de infusão usando temperatura de 85°C; droga:solvente (25:250) e tempo de 30 minutos foi o escolhido para encapsulação em NPs. Os resultados demonstraram compatibilidade entre o extrato e os componentes da formulação. e através do planejamento experimental resultou em NPs com tamanho de 175 nm, PDI 0,1855, PZ + 35,2 mV e EE 93,46% para dupla emulsificação, enquanto que para o método de nanoprecipitação, obteve NPs com tamanho de 274 nm, PZ +41,4 mV e EE 89,39%. A liberação dos compostos fenólicos nas NPs foi adequada ao modelo de Weibull, com cinética de liberação anômala e super caso II para nanoprecipitação e dupla emulsificação,respectivamente. O MEV comprovou a formação de NPs esféricas, lisas e com tamanhos similares ao encontrado por espalhamento de luz. Portanto, foi possível obter NPs com propriedades físico-químicas adequadas, com cinética de liberação prolongada, que podem ser encorajadas para administração oral, porém, mais estudos são necessários paracomprovar sua eficácia e desempenho.