Pedagogias sensientes da memória: caminhos possíveis a partir do encontro com as arpilleras chilenas
Arpilleras. Memória. Sensibilidades. Imaginário.
Este estudo reflete em que medida é possível cogitar propostas pedagógicas
sensíveis de rememoração a partir das afet(o)ações provocadas pelo encontro
com as arpilleras chilenas. Os bordados produzidos pelas mulheres
arpilleristas durante a ditadura militar do Chile são articulados enquanto
testemunhos que, em diálogo com as reflexões teóricas advindas dos estudos
sobre sensibilidade, memória, experiência e imaginário, apontam para pensar
o que denominamos de pedagogias sensientes da memória. O texto contém
momentos e paradas, recursos metafóricos que transmitem a potência
epistêmica do (des)caminhar pelas afet(o)ações provocadas pelo encontro. As
ideias de Benjamin (1987; 2009; 2019), Durand (2012; 2014), Butler (2015;
2018; 2019), Maffesoli (1998; 2014; 2018), Ostrower (2014), Larrosa (2002;
2003; 2014), Bosi (1979), Deleuze e Guattari (1995), Adorno (2011) e Josso
(2004), sobretudo, orientam a cartografia. As pistas que levam às pedagogias
sensientes da memória sugerem a sensibilidade como forma de aproximação
às narrativas das Outras, passível de utilização enquanto instrumento e fonte
do saber. De maneira específica, a potência sensível e simbólica contida nas
expressões artísticas é considerada potencialidade criativa, criadora e
anamnética que favorece a transmissão. Pelo caráter testemunhal que
assumem, as arpilleras servem, a estas pedagogias, como demonstração dos
processos (trans)formativos que envolvem a rememoração.