O brega funk como estratégia identitária e de resistência dos jovens da periferia recifense
Brega funk, juventude, periferia urbana, decolonialidade, etnografia.
Essa dissertação visa uma contribuição a etnografia do brega funk nas periferias da Região Metropolitana do Recife/Pernambuco, focando o fenômeno pela sua apropriação em termos de resistência e identidade. Interessa a relação compartilhada entre os jovens da periferia e essa cultura performativa (musical, coreográfica, estilística, e discursiva), a qual carrega, pela sua localização, marcadores coloniais (sociais, econômicos e raciais) históricos, constantemente criticados. O grupo Magnatas do Passinho S.A., do bairro de Santo Amaro, foi um interlocutor importante na pesquisa pelo seu empenho em fortalecer o movimento e pela representatividade que suscita entre a juventude e diversos públicos. Par eles, pelo brega funk, "o povo da favela está reivindicando seus espaços", deixando a entender que a localização urbana dessa cultura é precisamente o vetor de emancipação dos numerosos estigmas que qualificam a periferia. Para contemplar estes eixos problemáticos, usou-se o método etnográfico com observação participante direta, entrevistas, e analise de documentos acessíveis na internet, não somente por que a pesquisa de campo coincidiu com a suspensão dos shows e os interditos de aglomeração na cidade, mas também por ser um poderoso instrumento de divulgação, reprodução, e de consumo dessa cultura. Numa primeira parte, após expor os métodos e técnicas da pesquisa de campo, discuto a historiografia do brega funk na literatura especializada, me interessando às suas influências culturais locais, nacionais, e globais. Em segundo lugar, à luz da perspectiva decolonial e da sociologia da musica inscrita numa perspectiva pós-moderna, discuto as relações dos bregueiros com as categorizações raciais, sociais, e de subalternidade associadas à periferia, para a construção do seu próprio discurso identitário e localização sociocultural. Enfim, discuto as estratégias discursivas e performáticas que usam para afirmar sua identidade, sua criatividade, e potencializar a sua (re)apropriaçao de forma a entender como o brega funk consegue ressocializar a periferia entre coletivos socioculturais heterógenos ao mesmo tempo em que a relocalizam.