Arqueologia da Alimentação: Análise de Isótopos Estáveis para a identificação da dieta dos antigos moradores do Engenho Jaguaribe, Litoral Norte de Pernambuco, século XVI-XIX.
Engenho Jaguaribe; Arqueologia da Alimentação; Isótopos Estáveis Carbono e Nitrogênio
O estudo da alimentação possibilita diferentes enfoques e permite
cada vez mais o encontro de diversas áreas de conhecimento. Na
arqueologia, investigamos hábitos alimentares para reconstruir a
história cultural dos povos antigos, uma vez que a comida está
intrinsicamente ligada às práticas culturais de uma sociedade. O
objetivo desta pesquisa é identificar os padrões alimentares dos
antigos moradores do Engenho Jaguaribe, localizado no litoral
norte do estado de Pernambuco. Partindo do pressuposto que
durante o período de funcionamento do Engenho, entre os
séculos XVI e XIX, os seus habitantes tinham acesso a alimentos
de origem marinha e a uma variedade de alimentos frescos,
devido à proximidade do Engenho com a área estuarina do Rio
Timbó. Trata-se de uma área rica em recursos naturais. Para
conduzir o estudo, além de uma extensa revisão bibliográfica de
documentos históricos relacionados à área e à temática,
realizamos também análises de isótopos estáveis de carbono e
nitrogênio em dez indivíduos sepultados no Engenho Jaguaribe.
Destes, dois foram submetidos à análise de microresíduos de
cálculos dentários e nove a análise isotópica do colágeno das
costelas. Os resultados obtidos e apresentados sugerem a
ingestão de alimentos com plantas que apontam padrões
fotossintéticos C 3 (soja, feijão, leguminosas) e C 4 (cana de açúcar,
milho). A análise isotópica do nitrogênio evidencia o consumo de
alimentos de origem marinha. Tais resultados viabilizaram a
compreensão e identificação da base alimentar e sua influência
na formação de hábitos alimentares que podem ter sido vigentes
em outros engenhos pernambucanos.