A construcao discursiva da velhice e a educacao de pessoas idosas: articulacoes e disputas em documentos brasileiros e internacionais.
velhice; discurso; educação; inclusão; lógicas discursivas.
Esta dissertação parte da compreensão de que a velhice é uma construção discursiva, histórica e socialmente produzida. Assumindo o discurso como categoria analítica, a pesquisa investiga como os sujeitos velhos são constituídos por meio de documentos normativos nacionais e internacionais que, ao mesmo tempo em que regulam práticas sociais, também operam como dispositivos de subjetivação. O interesse crescente pelo envelhecimento populacional, impulsionado por mudanças demográficas e pela lógica do capital, fez emergir discursos voltados à gestão da velhice, frequentemente ancorados em interesses produtivistas. A análise se ancora na Teoria do Discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe e nos aportes de Michel Foucault sobre biopoder e governamentalidade, permitindo problematizar os sentidos atribuídos à velhice nas políticas educacionais e as lógicas discursivas (neoliberal, assistencialista, emancipatório e interseccional) que nelas se articulam. A pesquisa é qualitativa com análise documental. Tem como objetivo principal analisar como a velhice é constituída nos documentos normativos e investigar os sentidos construídos sobre os sujeitos velhos nas políticas educacionais voltadas à inclusão. Os documentos analisados incluem as Assembleias Mundiais sobre Envelhecimento (1982 e 2002), a Convenção Interamericana dos Direitos Humanos das Pessoas Idosas (2015), o Estatuto da Pessoa Idosa (2003), a LDB (1996) e a BNCC (2017). A análise dos documentos legais nacionais e internacionais evidencia que a emergência do discurso sobre o envelhecimento está diretamente relacionada à preocupação dos Estados em exercer controle sobre a população idosa, sobretudo diante do temor de desequilíbrios econômicos provocados pelas mudanças demográficas. As políticas públicas, nesse cenário, operam como dispositivos de gestão das velhices, normatizando formas específicas de existência e participação social. A educação, por sua vez, é mobilizada como um braço estratégico dessas políticas, assumindo um papel central na promoção da inclusão social, ao mesmo tempo em que reforça lógicas de adaptação, produtividade e responsabilidade individual, alinhadas aos projetos políticos e econômicos contemporâneos.