PERFORMANCES DE UM SABER-SER: SOBRE A CRIACAO DE ESPACOS DE RESISTENCIA POR FORMAS OUTRAS DE MOBILIZACAO DA MEMORIA E DO CONHECIMENTO
Corpo negro. Diáspora. Educação. Resistência.
Historicamente, a epistemologia ocidental se constituiu a partir da cisão entre corpo e razão, relegando o corpo – sobretudo o corpo negro – ao campo da irracionalidade e da natureza. Essa lógica resultou na negação e deslegitimação nos modos de ser e saber de matriz africana, alheios à racionalidade moderna. Em contraponto, esta pesquisa investiga como, em contextos de matriz africana e afrodiaspóricos, o corpo se inscreve como lugar de memória, resistência e saber, sendo central à performance de um saber-ser negra diaspórica. Parte da questão: em que a discussão sobre o corpo negro pode contribuir para a descolonização da educação? Como objetivo geral, buscou-se delinear os contornos de uma educação que reconheça o corpo como território de múltiplas aprendizagens. Os objetivos específicos foram: (1) investigar como sabedorias corporais se manifestam como resistência à colonialidade na diáspora brasileira; e (2) articular como essas sabedorias se vinculam a uma educação híbrida e descolonizadora. A pesquisa, de abordagem qualitativa, adotou a história oral e a análise de discurso de linha francesa. As entrevistas com pessoas negras ligadas a práticas culturais e espirituais evidenciam o corpo como arquivob vivo de saberes ancestrais ativados por meio da oralidade, da performance e da experiência. O corpo negro, assim, emerge como campo epistemológico, ético e político de reinvenção frente às violências coloniais.