ALFABETIZAÇÃO EM TEMPOS PÓS-PANDÊMICOS: o atendimento à heterogeneidade de níveis de conhecimentos sobre a escrita em turmas do 3° e 4° ano do Ensino Fundamental da rede municipal de ensino de Recife/PE
Heterogeneidade; Práticas docentes; Ensino Fundamental; Sistema de Escrita Alfabética
O presente estudo buscou analisar as práticas docentes após a pandemia da COVID-19 no tocante à heterogeneidade de conhecimentos sobre a escrita, desenvolvida por dois professores em turmas do 3° e 4° ano do Ensino Fundamental da rede púbilica de ensino de Recife/PE, sendo um de cada turma. Para isso, foram consideradas as contribuições teóricas de diferentes autores sobre a temática da alfabetização e a heterogeneidade de níveis de conhecimentos. Em termos metodológicos, recorremos à abordagem qualitativa, realizando um estudo de caso com dois professores que atuam em escolas públicas distintas localizadas em Recife/PE, sendo uma professora do 3° ano e um professor do 4° ano do Ensino Fundamental. Quanto aos procedimentos, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os docentes, diagnose de escrita e leitura de palavras e 10 observações das práticas docentes em cada turma. Os dados foram analisados e categorizados a partir de estudos anteriores (Leal, Costa e Silva, 2023; Leal, Santana e Santos, 2023; Pessoa, Berford e Conceição, 2023; Pessoa, Castro e Nascimento, 2023; etc.) que sistematizam as discussões sobre as heterogeneidades, recursos didáticos e estratégias didáticas que podem ser mobilizadas no atendimento à heterogeneidade de níveis de conhecimentos. Os dados evidenciaram que, no início do ano letivo, as turmas apresentaram um perfil alarmante em relação a um maior quantitativo de estudantes em hipóteses mais iniciais de escritas, o que representa, possivelmente, um dos reflexos da pandemia da COVID-19 na educação nacional (Bof, Basso e Dos Santos, 2022). Em relação às práticas docentes, os dados revelaram que, no momento em que os docentes possuem clareza acerca de seus objetivos didáticos e alinham-nos aos diferentes níveis de conhecimentos existentes em sua turma, tornam-se mais capazes de mobilizar diferentes estratégias didáticas que potencializam a aprendizagem em suas turmas, garantindo o avanço individual e coletivo. É necessário que a prática pedagógica esteja fundamentada em estratégias que promovam a equidade, buscando assegurar que todos os estudantes, independentemente de seu nível de conhecimento, possam avançar em seu desenvolvimento. A partir do respeito às especificidades individuais e da valorização das potencialidades de cada aluno, é possível que os docentes criem condições favoráveis para o desenvolvimento de competências relacionadas ao conhecimento sobre o Sistema de Escrita Alfabética (SEA). Em suma, neste trabalho concluímos que o processo avaliativo deve considerar o percurso de cada estudante em sua integralidade, reconhecendo que o ritmo de consolidação ao longo do processo de ensino e aprendizagem não é uniforme para todas os estudantes: compreender as especificidades de cada um é essencial para planejar um ensino mais direcionado às necessidades das turmas e de cada aluno, respeitando suas heterogeneidades.