Política de curricularização da extensão na UFPE: análise discursiva a partir dos marcos regulatórios
curricularização da extensão, extensão universitária, política curricular, educação superior.
Diante da política nacional que torna obrigatória a realização de pelo menos 10% da carga horária dos cursos de graduação em extensão universitária, esta pesquisa buscou contribuir para compreender as mudanças que vêm acontecendo na universidade, a partir do caso da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A inserção da extensão no currículo obrigatório dos cursos de graduação no Brasil foi estabelecida como meta para a educação superior nos Planos Nacionais da Educação (2001, 2014), regulamentada pelo Ministério da Educação em 2018, em um projeto de institucionalização da extensão defendido por movimentos sociais. Na UFPE, houve a aprovação pelas instâncias superiores de uma resolução que trata da inserção em 2017, posteriormente substituída por outra, em 2022. A partir da compreensão do currículo como discurso (Bonafé, 2013; Lopes; Macedo, 2011; Oliveira; Xavier, 2020) e dispositivo que favorece ou exclui alguns grupos (Arroyo, 2013), este trabalho volta-se às disputas envolvidas no processo de construção da política, em um contexto de democratização da educação superior. Teve como objetivo analisar a política de extensão universitária na UFPE no que diz respeito ao processo de institucionalização da extensão, analisando o contexto sócio-histórico da construção dos documentos, especificando os conceitos adotados e identificando as estratégias para sua implementação. Buscamos compreender se o processo de institucionalização da curricularização da extensão mobiliza uma adequação ou uma refundação da universidade em estudo. Utilizando como aporte metodológico a Análise do Discurso Crítica (Fairclough, 2010; 2012; 2016), realizamos a análise dos principais documentos normativos que regulamentam a política no Brasil e na UFPE, assim como entrevistas semiestruturadas com gestores que participaram da sua construção na referida universidade. Identificamos que alguns dos documentos analisados apresentam lacunas conceituais, mas, de forma geral, desenvolvem-se no sentido de alinhar-se aos conceitos apresentados pelo Fórum de Pró-reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras (Forproex). Os temas emergentes das entrevistas estiveram associados a estratégias e desafios para a implementação da política na UFPE, sendo: formação de um grupo de trabalho, articulação com a Pró-reitoria de Graduação, articulação com cursos de graduação, ações formativas e de comunicação, progressão e redução de carga horária, financiamento, mudança de sistema de registro e disciplinarização. Entendemos que a política desafia hegemonias na educação superior, mas que também passa por adaptações para adequar-se às rotinas já estabelecidas na universidade.