Organização do tempo na política educacional: Uma abordagem decolonial
Gestão escolar; Decolonialidade; tempo; escola de tempo integral.
Esta tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco, explora a organização do tempo nas políticas educacionais das escolas de tempo integral em Pernambuco a partir de uma perspectiva decolonial. A pesquisa parte da hipótese de que as políticas educacionais refletem uma racionalidade neoliberal que impõe um tempo linear e progressivo, incompatível com a diversidade das experiências educacionais e culturais. A tese utiliza uma abordagem qualitativa, combinando análise de conteúdo com o pensamento decolonial. Por meio de um estudo de caso, foram analisados documentos, realizadas entrevistas e observações em UMA escola de tempo integral localizada em Recife. A pesquisa considera o contexto pandêmico e a crise de ansiedade coletiva vivida em algumas escolas, organizando-se em cinco capítulos: Colonialidade do Tempo e Políticas Educacionais em que se analisa a imposição da concepção eurocêntrica de tempo nas sociedades colonizadas e suas implicações nas políticas educacionais atuais. Temporalidades Plurais e Educação Integral é o capítulo em que se discute a relação entre temporalidade e educação a partir de uma perspectiva decolonial, propondo a inclusão de diferentes concepções de tempo nas escolas. Em seguida, intitula-se Organização da Pesquisa um capitulo que detalha a metodologia utilizada, o contexto pandêmico e a estruturação da análise. Temporalidade e Educação em Tempos de Pandemia reflete sobre o impacto da pandemia na organização do tempo e do espaço educacional, revelando desigualdades e fragilidades. Os resultados da pesquisa são apresentados e analisados no capítulo intitulado Análise dos Dados Qualitativos em que se inclui as percepções dos estudantes sobre o tempo escolar e a experiência de um núcleo focado na discussão de gênero. A partir dos dados, obseva-se que a racionalidade neoliberal limita a autonomia e a democracia nas escolas de tempo integral. Estudantes e educadores têm percepções diferentes sobre o tempo na escola, destacando a necessidade de uma temporalidade inclusiva. O Núcleo de Gênero Marielle Franco Vive desafiou a linearidade e fragmentação do tempo escolar, promovendo maior participação social. A pandemia de Covid-19 expôs fragilidades no sistema educacional, mostrando a necessidade de reconfigurar práticas educacionais para crises futuras. A pesquisa conclui que uma educação integral inclusiva e democrática deve considerar as experiências e temporalidades das comunidades locais. A perspectiva decolonial é apresentada como uma forma de repensar as políticas educacionais, valorizando múltiplas temporalidades e epistemologias para construir um projeto educacional mais justo e equitativo. A tese sugere que as políticas educacionais devem se afastar da visão linear e progressiva do tempo, adotando uma abordagem que promova a formação completa e significativa dos estudantes.