IMPLICAÇÕES DAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR EM PERNAMBUCO
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva; Teoria da Atuação; Contexto da Prática; Organização e Cultura Escolar.
A presente pesquisa teve como objetivo principal analisar as implicações das Políticas de
Educação Especial na Perspectiva da Inclusão na Organização e na Cultura das Escolas
Públicas de Educação Básica de Pernambuco. Para fundamentar teórica e
metodologicamente a nossa pesquisa, lançamos mão das Teorias da Atuação (Ball, Maguire e
Braun, 2016), do Ciclo de Políticas (Ball e Bowe, 1992), da Cultura Organizacional (Shein,
2004; Botler, 2010), da Inclusão Escolar (Mantoan, 2003, 2006, 2015, 2017) e de outros
autores que nos auxiliaram a compreender e interpretar o nosso objeto de pesquisa. Partimos
do pressuposto de que as escolas são micro espaços que não apenas se ajustam às políticas
educacionais, mas criam micro políticas já que atuam perante a elas a partir daquilo que a
Teoria da Atuação descreve como contextos situados, culturas profissionais, contextos
materiais e contextos externos. A partir destes elementos, os atores sociais das escolas
interpretam e traduzem o que lhes é imposto e, por isso, esses processos podem variar de
uma escola a outra, pois seus atores sociais, com suas condições objetivas e subjetivas,
atuam a política de forma diferenciada. A abordagem da presente pesquisa foi qualitativa e
para alcançar o objetivo proposto foi realizada uma pesquisa de campo em duas escolas
localizadas na Região Metropolitana do Recife, pertencentes à Rede Estadual de Ensino.
Foram feitas observações participantes e entrevistas semiestruturadas a Diretores,
Educadores de Apoio, Professores das Salas Regulares, Professores Especialistas,
Profissionais de Apoio, Intérprete de Libras, Estudantes incluídos e suas Mães. A análise de
dados foi inspirada na Análise de Conteúdo de Bardin (2011), mais especificamente, a análise
temática. Os resultados apontaram que a inclusão dos estudantes público-alvo da Educação
Especial faz parte da organização das escolas de Educação Básica em Pernambuco e não se
pode perder de vista os avanços já consolidados neste sentido. Quando há a presença desses
estudantes, já existe a preocupação de estabelecer os encaminhamentos necessários a partir
do que é proposto pela política. Porém, ela ainda se caracteriza como valor superficial, como
um artefato apenas visível, mas não introjetado, ou seja, é uma subcultura atinente mais aos
profissionais específicos, pois suas demandas nem sempre são atendidas em tempo hábil, o
que foi indentificado nesta pesquisa. Por isso, para que a Inclusão Escolar desses estudantes
se torne plena, faz-se necessário que essas arestas sejam aparadas e que as ações
necessárias relativas a eles se naturalizem dentro das instituições de ensino, tornando-se
parte da cultura escolar, em termos de pressupostos fundamentais.