SOBRE A TESSITURA DA FORMAÇÃO E (AUTO)FORMAÇÃO DE MULHERES DOS MOVIMENTOS DE EDUCAÇÃO POPULAR NO NORDESTE DO BRASIL: PERNAMBUCO, PARAÍBA E RIO GRANDE DO NORTE NOS PRIMEIROS ANOS DE 1960
mulheres; formação; movimentos de educação popular; Nordeste do Brasil.
Com vistas a contribuir com a História da Educação das mulheres no Brasil, o objetivo da investigação foi compreender como se deu o processo formativo e autoformativo de mulheres que atuaram em movimentos educacionais criados nos primeiros anos da década de 1960 no Nordeste brasileiro, a saber: Movimento de Cultura Popular (MCP), o Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife (SEC/UR), atual UFPE, em Pernambuco; a Campanha de Educação Popular (Ceplar), na Paraíba; e, no Rio Grande do Norte, a Campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler e as experiências de alfabetização em Angicos, coordenadas pelo SEC/UR. Teoricamente o trabalho segue a perspectiva da História vista de baixo a partir de Hobsbawm (1998), Thompson (1981, 1998, 2019) e Sharpe (2011) e da História das mulheres na perspectiva de Michelle Perrot (2005, 2007, 2019). Os conceitos mobilizados para a análise das fontes foram experiência e formação (Thompson, 1981, 1998, 2019), narrativa e memória (Ricoeur, 1995). Metodologicamente o trabalho foi conduzido pela pesquisa bibliográfica, pela pesquisa documental e pela metodologia da história oral e as análises foram mediadas pela prosopografia. A partir de tais elementos teóricos metodológicos foi possível analisar as distintas experiências (auto)formativas de mulheres advindas de processos de sociabilidades, da escolarização e/ou profissionalização, além de contato com grupos religiosos, estudantis e/ou políticos e como estas proporcionaram suas inserções nos referidos movimentos educacionais. As análises permitem entender que tais movimentos educacionais populares congregaram múltiplos perfis de mulheres que, em função de suas experiências na alfabetização de crianças, jovens e, sobretudo, adultos amplificaram suas experiências e sofreram consequências por isso, pois foram perseguidas, presas, exiladas. Todavia, não esmoreceram no intento de colaborarem com a nação, mesmo em período de autoritarismo.