As forças espectrais como alegorias históricas no cinema de Janaína Wagner
Cinema; alegoria histórica; espectro; Janaína Wagner
Esta pesquisa, a partir de uma abordagem que alinha antropologia, estética e cinema, busca traçar uma recorrência ético-estética nos filmes apresentados no que concerne ao que muitos autores chamam de Antropoceno. Nem sempre óbvio na matéria dos filmes, o conceito que surgiu em 1980 articulado pelo biólogo Eugene Stoermer, se apresenta nas obras como rastros nas formas da temporalidade, espacialidade e narratividade fílmica. Essa investigação pretende, portanto, rastrear essas inserções e articulá-las a conceitos críticos de tempo, espaço e forma, questionando a centralidade humana, tanto no filme ou fora dele. Nesse caminho, a proposta é analisar a chamada Trilogia da Transamazônica da cineasta Janaína Wagner, composta pelos filmes Curupira e a Máquina do Destino (2021), Quebrante (2024) e Quando o segundo sol chegar/ um cometa nos seus olhos (2025). Nesse empreendimento, alguns filmes e cineastas que trabalham na chave da tradução fantástica serão convocados para dialogar com os filmes que são corpo dessa pesquisa. O primeiro capítulo se apresenta como uma breve discussão sobre a crítica pós-colonial ao conceito de tempo, muito cara à compreensão dos filmes como instrumentos de tensionamento histórico e político. Esse capítulo apresenta algumas noções de temporalidades múltiplas, espectralidade e tempo homogêneo, presentes nas discussões dos autores Dipesh Chakrabarty (2019), Bliss Cua Lim (2009) e Leda Maria Martins (2021), dentre outros, que se dedicam ao empreendimento da crítica pós-colonial ao conceito de tempo moderno. Articulando entre os autores uma consonância no que se refere a crítica pós-colonial do tempo como representação nos filmes, alguns conceitos são convocados no que tange a aproximação entre estética e história na construção das imagens presentes.