Mata teu pai: investigacoes historiograficas em torno do pioneirismo de Zozimo Bulbul no cinema (negro) brasileiro
Cinema Brasileiro; Cinema Contemporâneo Brasileiro; Cinema Negro Brasileiro; HIstória.
A década de 2010 do cinema brasileiro é marcada pela amplificação dos debates sobre representatividade, visibilidade e reparação histórica, os quais estimularam revisões críticas e epistemológicas da história do cinema brasileiro. O aumento da presença de profissionais negros em diversas áreas de atuação nessa paisagem cinematográfica também mobilizou a consolidação do campo do cinema negro no Brasil, deixando a ver disputas políticas, sociais, raciais e econômicas que, historicamente, estão incorporadas na estrutura do audiovisual brasileiro. Em nossa pesquisa, acreditamos que é esse ambiente efervescente que favorece a emergência de Zózimo Bulbul como uma figura do passado — o cineasta negro ideal — a ser referenciada, adquirindo o status de fundador do cinema negro brasileiro, uma bússola cinematográfica (Thayná, 2017) para a produção contemporânea de realizadores e realizadoras negras. Identificando a posição de Zózimo Bulbul — e Alma No Olho (1973) — como um cânone compatível (Xavier, 2003) para responder às demandas políticas do presente, investigaremos como estudos acadêmicos, crítica e curadoria articulam e reencenam enunciados que projetam Zózimo Bulbul como fundador político do cinema negro no Brasil (Freitas, 2020). Sendo assim, perguntamos: Como se consolidou o pioneirismo de Zózimo Bulbul no campo do cinema (negro) brasileiro? Que tipo de projeto de cinema (negro) é convocado, quando estabelecemos tal filiação ao cineasta negro e carioca? Sob quais bases epistemológicas está enraizada essa tradição aceita (Melo, 2005) do cinema negro brasileiro? O que essa herança inclui e exclui?