“VISUALIDADES IMPERIAIS”: uma leitura contracolonial de arquivos da escravidao no Brasil oitocentistas.
Fotografia; Visualidade; Raça; Retrato; Paisagem; Imperialismo
A pesquisa analisa o papel da fotografia no contexto do imperialismo e colonialismo, a partir da visualidade conferida às pessoas negras e paisagens no Brasil do século XIX. Com o objetivo de investigar como a fotografia foi utilizada para impor um olhar externo e colonizador sobre o país, perpetuando estereótipos e promovendo um imaginário visual de identidade nacional, a partir da publicação Brasil Pitoresco (1859), por Charles Ribeyrolles e Victor Frond, e da coleção de fotografias produzidas durante a Expedição Thayer (1865 e 19866) liderada pelo zoologo Louis Agassiz, examinamos como as categorias de retrato e paisagem foram moldadas por uma mirada imperial, destacando como a visualidade foi fundamental na invenção do Outro racial e da identidade do Brasil enquanto projeto de nação. Tomamos como eixo central da análise as obras de artistas como Rosana Paulino, Coletivo Paisagens Móveis, Eustáquio Neves, Wallace Pato, Flávio Cerqueira e Mateus Morani, cujas práticas estéticas se fundamentam em uma obordagem crítica de imagens históricas, na ressignificação de visualidades herdadas e no deslocamento das lógicas visuais imperiais. Inspirados pelas contribuições teóricas de Azoulay (2024), Hartman (2022), Sharpe (2023), Mbembe (2018), Mirzoeff (2019) entre outros, propomos uma metodologia que busca não apenas criticar os dispositivos de poder inscritos nos arquivos visuais, mas também ativar estratégias de contravisualidade, fabulação e reinscrição de sentidos. Ao problematizar as fronteiras entre análise e invenção, entre documento e ficção, buscamos colaborar com a construção de uma epistemologia visual que desloque os regimes de inteligibilidade da razão imperial e possibilite a emergência de outras formas de memória e de produção do presente.