"QUEERIZANDO MEMÓRIAS E NARRATIVAS FAMILIARES - APONTAMENTOS SOBRE DOIS DOCUMENTÁRIOS ARGENTINOS"
cinema queer, documentário, memória, autobiografia, visibilidade, Los Rubios, El silencio es un cuerpo que cae.
Este trabalho analisa as estratégias discursivas presentes nos documentários Los Rubios (2003), de Albertina Carri, e El silencio es un cuerpo que cae (2017), de Agustina Comedi, a partir do conceito de cinema queer proposto por Schoonover e Galt (2016). Ambas as obras, dirigidas por cineastas argentinas queer, se inscrevem no campo autobiográfico (Mourão, 2016), utilizando suas narrativas para reconfigurar a imagem e a memória de suas experiências pessoais e familiares. Los Rubios explora a memória fragmentada da cineasta, filha de desaparecidos políticos durante a ditadura argentina, enquanto El silencio es un cuerpo que cae investiga o passado do pai de Agustina Comedi, ressignificando ausências e silêncios em torno de sua homossexualidade oculta. Ao se distanciar da abordagem documental tradicional, as obras questionam as normas de visibilidade e representação, propondo novas formas de lidar com as lacunas da memória e com identidades não representadas. O estudo destaca como essas narrativas autobiográficas, ao adotar uma perspectiva queer, desafiam as convenções cinematográficas, oferecendo alternativas às narrativas tradicionais de identidade e pertencimento no campo memorialístico.