COMO DAR PASSOS ENTRE CONTINENTES, COMO SE AJOELHAR NA MULTIDÃO: atravessamentos entre gesto, performance e política
Gesto. Política. Estudos de performance. Manifestações. Arte contemporânea.
Esta tese tem como objetivo investigar de que modos o gesto atravessa distintas esferas da sociedade como um operador político, dotado de uma capacidade de propor e deixar ver outras formas-de-vida e de se relacionar no mundo e com o mundo. A pesquisa propõe que este gesto pode emergir nos mais diversos fenômenos, como performances artísticas, protestos ou mesmo breves eventos do cotidiano, e é capaz de fazer emergir um outro corpo naquele que gesticula. A gestualidade em questão é pensada em uma articulação entre os campos da filosofia da imagem e dos estudos de performance, aparato conceitual e metodológico que permite abordar quais roteiros e sobrevivências os objetos analisados, situados nos campos da arte contemporânea e das manifestações políticas, reativam. A investigação é elaborada ao longo de quatro capítulos, o primeiro dos quais percorre os referenciais teóricos da filosofia da imagem e da performance para delinear a gestualidade que embasa a pesquisa, menos um novo conceito do que um arcabouço tanto metodológico quanto conceitual. Os dois capítulos seguintes analisam objetos da performance art e do cinema contemporâneo com o objetivo de compreender como nestes trabalhos o gesto é uma chave na elaboração de críticas e alternativas a sociedades cada vez mais atravessadas pela lógica do lucro e da concorrência, nas quais a racionalidade neoliberal e o tempo 24/7 são produtores e reguladores de subjetividades. No quarto e último capítulo me volto diretamente a manifestações políticas, mais especificamente as que vieram em resposta ao assassinato de George Floyd em maio 2020. O gesto aí é o ponto central em reivindicações e proposições por vidas mais dignas, assim como o elemento que reativa toda uma linhagem de luta política contra a violência racial.