NECROPERFORMATIVIDADE: A MORTE DA REPRESENTAÇÃO DOS CORPOS LGBTI+
Necropolítica; Performatividade; Performance; Censura; LGBTI+.
Esta tese tem o objetivo de compreender a existência de um fenômeno social, a necroperformatividade, que se estabelece por meio de uma política de morte direcionada a corpos e performances LGBTI+ no Brasil contemporâneo. Esta derivação da necropolítica (Mbembe, 2018) está inserida numa performatividade (Butler, 2018b) de caráter anti-LGBTI+ estrutural e socialmente construída no país, que se consolida politicamente, economicamente e culturalmente de modo a promover a negação da existência e a promoção da morte simbólica e/ou física de corpos, performances (Taylor, 2016) e subjetividades LGBTI+. A investigação mobilizou uma postura epistemológica dialógica entre saberes históricos estabelecidos do campo social e sexual (Foucault, 1983; 1988; 2014; 2019) e saberes de perspectiva sul-global (Hooks, 1995; Quijano, 2005) para analisar casos de censura (Orlandi, 2007) a performances artísticas promovidas e/ou performadas
por pessoas LGBTI+ no Brasil entre 2017 e 2022, período em que houve um elevado crescimento de perseguições à cultura no país, especialmente quando enunciada por essa comunidade historicamente oprimida e precarizada. A análise desses casos teve como resultado o entendimento de que se trata de um fenômeno complexo e estrutural da população brasileira, fortalecido especialmente por ideologias concentradas em discursos religiosos, partidários, anticientíficos e promotores de violência simbólica e física. Em última instância, o conceito de necroperformatividade tem como foco a promoção da morte da representação de corpos LGBTI+, bem como se desdobra e se aplica a outros corpos e expressões dissidentes de outras normatividades sociais que exercem perpetuação de relações de poderes no Brasil e no mundo.