“Em busca de um aposento no Castelo de Versailles: cultura do consumo, influenciadores digitais e a sociedade de corte instagramável”
Gkay, influenciadores digitais, sociedade de corte, capital, consumo.
Este trabalho se propõe a analisar a dinâmica dos influenciadores digitais na contemporaneidade, em se tratando dos processos ocorridos para a manutenção dos espaços conquistados, envolvendo questões relacionadas ao poder e ao consumo, com enfoque em um evento específico: A Farofa da GKAY. Objetiva-se, especificamente, que se retorne às raízes das estruturas que giram em torno dos influenciadores: a cultura do consumo. Em associação a isso, é inevitável que se pense a respeito das bases desta cultura, residente,
de forma primária, na sociedade de corte do Antigo Regime. A partir dos conhecimentos adquiridos, será possível direcionar a atenção para a contemporaneidade e para a situação dos influenciadores digitais com a fundamentação teórica adequada. Nesse sentido, para que estes objetivos sejam alcançados, as ideias de McCracken (2015), à primeira vista, serão de inestimável valia, visto que abordará, de fato, como o consumo se transformou ao decorrer da História, e que, porventura, permanece estruturalmente semelhante aos padrões estabelecidos no Antigo Regime. Taschner (1997) e Elias (2008), então, terão também o papel de contextualizar como se davam as relações neste período crucial para a mudança de comportamento em relação ao consumo, no tocante às aparências, à distinção, ao prestígio e ao modo de se portar perante seus semelhantes. Dito isso, questões sobre representação no cotidiano e poder são suscitadas e merecem destaque. Desse modo, são resgatadas as ideias de Goffman (2002), particularmente a respeito da “impressão”, sobre a qual discorre, além de Bourdieu (2007; 2012), que contribuirá acerca de suas considerações sobre o “poder simbólico”, “habitus”, “illusio” o o “campo” e os capitais “simbólico”, “social”, “econômico” e “cultural”. Karhawi (2015; 2017), com suas análises direcionadas ao contexto digital, será primordial, no sentido de que norteará as possíveis ligações que haja entre os temas, de modo que seja viável, talvez, encontrar reminiscências ou novas formatações da cultura do consumo e da corte em seu modo de agir. Para testar tais hipóteses, necessita-se de uma metodologia que possibilite a interpretação dos acontecimentos e os retire da condição trivial que talvez carreguem, por se tratar de algo contemporâneo e em constante mudança. Portanto, a Análise do Discurso, seguindo as instruções de Orlandi (2012), será o método utilizado para que o comportamento nas redes sociais digitais seja observado e, possivelmente, associado às teorias estudadas. Haverá também a execução de um estudo de caso, de acordo com as ideias de Duarte (2005), visto que a pesquisa lança olhares a uma figura específica: GKAY e o sua festa anual – A Farofa da GKAY. Serão utilizadas postagens da própria influenciadora na sua página do Instagram, bem como suas participações em outros espaços na internet ou, até mesmo, na televisão. A partir disso, a expectativa é que se alcance um pensamento mais concreto acerca das possíveis reminiscências deixadas pela sociedade de corte e do que representa a cultura do consumo no presente virtualizado, de modo que se perceba, talvez, que as estruturas permanecem as mesmas, apesar das mudanças ocorridas na sociedade através dos séculos.