“BH É QUEM?”: Caminhos Sônicos Performáticos do Funk Mineiro Enredado.
Funk de BH; Territorialidade; Escuta Conexa; Performance; Audiovisual em Rede.
O gênero funk no Brasil tem os primeiros passos de sua construção marcados no Rio de Janeiro, mas atualmente é reconfigurado globalmente. Em Belo Horizonte, as expressões desta categorização musical têm desenvolvido estéticas e sonoridades eletrônicas particulares desde meados da década de 2010, reivindicadas a uma
singularidade local, que encontra simbolismo no bordão: “BH é quem? BH é nóis”. Utilizo tal bordão, amplamente difundido pela produção funkeira mas também escoado por diversas expressões comunicacionais em diferentes contextos da cidade, como um gatilho para percorrer camadas performáticas que emergem através do som e dizem da articulação entre música-território-corpo. Junto às noções de performance/oralituras (MARTINS, 2021), escuta conexa (JANOTTI JR, 2023) e audiovisual em rede (GUTMANN, 2021), analiso singularidades sônicas do funk de Belo Horizonte, entre os rearranjos do gênero musical em contextos fora eixo Rio-São Paulo, e passeio por seus statements midiáticos, entendendo as dinâmicas de hegemonia e contra-hegemonia que são encenadas em diversas espirais nas categorizações musicais. Trago elaborações acerca de práticas musicais eletrônicas como as “montagens” enquanto fonografias (JAMES, 2019) e pensamentos sonoros afrodiaspóricos que possibilitam a emergência de outras visões de mundo, os quais tomam o saber corporificado como constituinte inescapável da produção e da escuta musical. Busco, assim, também apontar para outras coletividades no imaginário musical da capital mineira, atravessadas por marcadores interseccionais.