CARTOGRAFANDO FORMAS E PRÁTICAS DO CINEMA-ENSAIO – PARA UMA PEDAGOGIA DO OLHAR E UM PENSAMENTO POR IMAGEM
Filme-ensaio; Cine-pedagogia; Cinema-educação; Pedagogia do olhar.
O presente trabalho procura desenvolver a relação entre pensamento e filme-ensaio, a partir de revisão teórica sobre o tema do ensaísmo no cinema e de articulações com autores da Educação. Pretende-se elaborar os contornos de uma pedagogia do olhar e um pensamento por imagem a partir da prática de visualização e realização de filmes de caráter ensaístico (seja documental, documentário autobiográfico, inscrição em primeira pessoa), cujos gestos de montagem (interromper e repetir) reforçam a singularidade da forma de pensar do cinema. Por outro lado, procuramos compreender o lugar especial que o espectador assume diante de filmes-ensaísticos, tentando pensar, de forma analógica, o estatuto do espectador e o lugar do “aprendente” no contexto de uma educação cinematográfica (ou de uma Cine-pedagogia). Apresentamos o relato de uma experiência de
disciplina (Currículo, Cinema e Educação), ministrada por mim e pelos professores Thiago Antunes e Thereza Didier, para o curso de Pedagogia, no Centro de Educação da UFPE. A disciplina tinha como propósito estimular a apropriação de repertório de filmes ensaísticos, de instrumentos, técnicas e estratégias de trabalho com arquivos de imagem e som. Daí também a importância de pensarmos a ideia de “arquivo” no contexto de disponibilização
e circulação caótica das imagens na Internet, bem como a importância do fazer fílmico como gesto de criação de remansos de memória e atenção para esse material. Por fim, discutimos no capítulo de conclusão o problema da produção da dúvida através do uso gratuito e irresponsável de ferramentas de edição e o lugar do cinema, especialmente do filme-ensaio, para pensar a dúvida sob outro ângulo: não aquela que implica descrença no mundo e indiferença, mas a que nos coloca a postos para assumir a responsabilidade de olhar de frente para seus problemas, violências e desigualdades.