AVALIAÇÃO DO TREINAMENTO MUSCULAR INSPIRATÓRIO SOBRE A FUNÇÃO MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM PESSOAS COM DOENÇA DE PARKINSON
Fisioterapia. Doença de Parkinson. Exercícios. Respiratórios.
O envelhecimento populacional tem contribuído para o aumento da prevalência de doenças neurodegenerativas, como a Doença de Parkinson (DP), cuja progressão compromete não apenas as funções motoras, mas também a função respiratória, refletida na redução da força muscular inspiratória e na presença de dispneia. Diante dessa problemática, estratégias terapêuticas não farmacológicas tornam-se fundamentais. Este estudo teve como objetivo investigar os efeitos do treinamento muscular inspiratório (TMI), utilizando o dispositivo PowerBreathe Classic, sobre a função pulmonar, a força muscular respiratória e os sintomas de dispneia em pessoas com DP. Trata-se de um estudo quase experimental, desenvolvido na Associação Parkinson de Pernambuco (ASP), entre setembro de 2024 e maio de 2025. Na avaliação inicial participaram 35 voluntários destes 32 (91,4%) foram considerados elegíveis para iniciar o protocolo de TMI. Ao final do estudo, 13 participantes (40,6%) permaneceram ativos e completaram integralmente as 12 sessões propostas. Na amostra, a média de idade foi de 64,54 anos (DP ± 8,64), 62,5% eram do sexo masculino e com tempo médio de doença de 3,95 anos (DP ± 3,20). Quanto ao estado civil, observou-se que 61,5% dos participantes eram casados(as), no que se refere à escolaridade, a maioria (61,5%) possuía escolaridade de até 11 anos (equivalente ao ensino médio). A maioria dos participantes encontrava-se nos estágios 2 e 3 da escala de Hoehn & Yahr, com tempo médio de doença de 3,95 anos. O protocolo de intervenção consistiu em 12 sessões de TMI realizadas ao longo de seis semanas, com carga ajustada em 30% da pressão inspiratória máxima (PImáx) e progressão até 60%, conforme a tolerância. Os desfechos analisados incluíram a PImáx, a pressão expiratória máxima (PEmáx), os parâmetros espirométricos (CVF, VEF1, relação VEF1/CVF, CVL e PFE) e a escala de dispneia modificada. Os resultados demonstraram melhora significativa da PImáx ao final do protocolo, evidenciando aumento da força muscular inspiratória (p = 0,036). A PEmáx também apresentou tendência de melhora, embora sem significância estatística (p = 0,066), possivelmente devido à menor especificidade do TMI para os músculos expiratórios. Conclui-se que o TMI com PowerBreathe é uma intervenção segura, de baixo custo e com potencial clínico para a melhora da força muscular inspiratória e da dispneia em indivíduos com DP. Esses achados reforçam a importância de incorporar o TMI como estratégia complementar no cuidado fisioterapêutico de pacientes com comprometimento respiratório decorrente da DP.