O turismo de base comunitária (TBC) como alternativa econômica em comunidades pesqueiras
pesca artesanal; comunidades tradicionais; turismo de base comunitária;
A pesca artesanal constitui uma das principais bases de subsistência e identidade cultural das comunidades costeiras no Nordeste do Brasil, mas vem sofrendo pressões crescentes relacionadas à sobrepesca, degradação ambiental, especulação imobiliária e expansão de atividades como o turismo convencional e a carcinicultura. Nesse contexto, o Turismo de Base Comunitária (TBC) tem emergido como alternativa de geração de renda, conservação ambiental e valorização cultural, fortalecendo o protagonismo das populações tradicionais. A presente dissertação tem como objetivo analisar de que forma o TBC pode se configurar como uma estratégia socioeconômica para comunidades pesqueiras de Pernambuco e Sergipe, tomando como referência comparativa a Comunidade Quilombola Engenho Siqueira (Rio Formoso/PE) e a comunidade de Terra Caída (Indiaroba/SE). A pesquisa adota uma abordagem qualitativa e exploratória, estruturada em três etapas: revisão bibliográfica e documental, aplicação de oficinas participativas de diagnóstico ambiental e análise de constelação, além de observação direta em campo, realizadas no âmbito do projeto Povos da Pesca Artesanal: enfrentando o racismo e a injustiça ambiental. A análise comparativa baseou-se em matriz construída a partir de categorias como dominialidade, organização comunitária, democratização de oportunidades, integração econômica e interculturalidade. Os resultados evidenciam que ambas as comunidades enfrentam desafios comuns, como a precarização do trabalho, a dependência de atravessadores, a ausência de políticas públicas eficazes e a pressão territorial exercida por empreendimentos turísticos e imobiliários. Contudo, também revelam potencialidades locais para o fortalecimento do TBC, ancoradas na valorização de práticas tradicionais de pesca, agricultura e culinária. Conclui-se que o TBC, quando articulado ao reconhecimento dos territórios tradicionais e ao acesso a políticas públicas de fomento, pode constituir um caminho promissor para a resiliência socioeconômica dessas comunidades.