Cowboys do carbono na Amazônia Paraense e conflitos socioambientais em terras indígenas.
Amazônia Paraense, Mercado de Carbono, Conflitos Socioambientais, Territórios Indígenas.
O presente estudo tem como foco os conflitos socioambientais emergentes na Amazônia Paraense, especificamente relacionados à implementação de projetos de carbono em territórios indígenas. Com base no aumento da demanda por mecanismos de compensação de carbono, tais como o REDD+, surge a necessidade de um exame mais aprofundado das dinâmicas que envolvem a ocupação territorial e os impactos socioambientais nessas áreas. A pesquisa busca compreender a interseção entre os projetos de carbono e os conflitos socioambientais, destacando o papel das populações indígenas e as consequências que esses projetos podem trazer para os seus territórios. A análise do contexto amazônico paraense revela que a inserção de iniciativas voltadas à neutralização de carbono gera tensões socioambientais complexas, particularmente em áreas onde as práticas de exploração de recursos naturais, como a mineração, a extração de madeira e o agronegócio, competem com a preservação ambiental e os modos de vida tradicionais. Neste cenário, os povos indígenas frequentemente se encontram no centro de disputas territoriais, com os projetos de carbono se sobrepondo a seus direitos ancestrais e modos de vida. Embora ainda não haja resultados concretos, a pesquisa levanta importantes questões sobre a adequação dessas iniciativas ao contexto local e a necessidade de garantir que os projetos de carbono respeitem os direitos dos povos indígenas e promovam benefícios socioambientais reais e duradouros. Entre os principais desafios destacados estão a falta de protocolos claros para a consulta e participação das comunidades no planejamento e implementação dos projetos, assim como a carência de mecanismos eficazes de monitoramento que assegurem que os benefícios sejam distribuídos de forma equitativa. A relevância deste estudo reside na necessidade de entender como a implementação desses projetos pode contribuir, ou não, para a conservação das florestas e o desenvolvimento sustentável das comunidades indígenas na Amazônia Paraense. O estudo busca também contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas mais inclusivas e justas, que levem em consideração as especificidades culturais e ecológicas desses territórios.