Efeito de fármacos moduladores epigenéticos sobre a fibrose renal.
Ácido valpróico. Doença renal crônica. Estresse oxidativo. Obstrução ureteral unilateral. Resveratrol.
A doença renal crônica (DRC) apresenta elevada morbidade e impacto econômico,
sendo o estresse oxidativo (especialmente mediado pela NADPH oxidase) um dos
principais mecanismos de sua fisiopatologia. Apesar da relevância clínica, as opções
terapêuticas permanecem limitadas, o que estimula a busca por abordagens
farmacológicas alternativas. Compostos antioxidantes e moduladores epigenéticos,
como o ácido valpróico (VPA) e o resveratrol (RESV), apresentam propriedades
capazes de atenuar processos oxidativos, inflamatórios e fibróticos, podendo reduzir a
progressão do dano renal. O presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos do
VPA e do RESV, isolados ou em associação, sobre a lesão renal induzida por obstrução
ureteral unilateral (OUU) em ratos. Foram utilizados 42 ratos Wistar machos (350–400
g), randomizados em grupos experimentais. Parte dos animais (n=35) foi submetida à
OUU por ligadura do ureter esquerdo; os demais (n=7) constituíram o grupo SHAM.
Após 24 h, os animais receberam, por via intraperitoneal e durante 10 dias: veículo,
VPA (150 mg/kg/dia), RESV (25 mg/kg/dia) ou VPA+RESV. A OUU promoveu aumento
da peroxidação lipídica, da produção de ânions superóxido e da atividade da NADPH
oxidase, além de reduzir a atividade da catalase, evidenciando desequilíbrio redox.
Também foram observados aumento da proteinúria e redução da depuração de
creatinina, indicando comprometimento da função renal. O tratamento com VPA ou
RESV atenuou parte dessas alterações, enquanto a combinação apresentou efeito
mais pronunciado, aproximando os parâmetros dos valores do grupo SHAM. Não
foram detectadas alterações significativas nos níveis séricos de ureia e creatinina,
provavelmente devido à compensação pelo rim contralateral. Esses achados sugerem
que VPA e RESV exercem efeito protetor contra o estresse oxidativo e a disfunção
renal induzidos pela OUU, com ação complementar quando administrados em
associação, reforçando seu potencial como adjuvantes no manejo da DRC.