DESENVOLVIMENTO, CARACTERIZAÇÃO E APLICAÇÃO DE MICROCÁPSULAS SIMBIÓTICAS À BASE DA MUCILAGEM DE Cordia africana
Cordia africana; microencapsulação de probióticos; mucilagem; produto nutracêutico; polissacarídeos.
Probióticos são microrganismos benéficos que desempenham um papel fundamental na manutenção da saúde, proporcionando homeostase intestinal, fortalecimento do sistema imunológico, potencialização da digestão e absorção de nutrientes, além de produzirem metabólitos bioativos essenciais. São amplamente aplicados em formulações nutracêuticas e alimentos funcionais com o propósito de melhorar o funcionamento gastrointestinal e assim promover o bem estar geral do organismo. No entanto, sua administração oral apresenta obstáculos significativos, principalmente relacionados a manutenção da viabilidade e bioatividade das cepas ao longo do armazenamento e passagem pelo trato gastrointestinal. A microencapsulação tem se destacado como uma estratégia promissora no campo alimentício, pois permite a proteção e entrega controlada de compostos bioativos, incluindo probióticos, proporcionando a preservação da atividade dos microorganismos. Diversos componentes poliméricos biocompatíveis vêm sendo investigados para a formação de microcápsulas, considerando algumas propriedades estruturais específicas, como capacidade de formação de geis, alta viscosidade e resistência a condições gastrointestinais. A mucilagem de Cordia africana (MUC) se destaca por sua composição rica em polissacarídeos complexos conjugados a compostos fenólicos. Esses polímeros não são digeríveis no estômago, possibilitando sua fermentação seletiva por microrganismos benéficos no cólon intestinal, o que confere à mucilagem potenciais propriedades prebióticas. Para além disso, a MUC é altamente viscosa e possui propriedades espessantes e estabilizantes, tornando-se uma matriz adequada para sistemas de liberação controlada de probióticos, promovendo proteção física e sinergia simbiótica. Nesse contexto, este estudo teve como objetivo desenvolver microcápsulas utilizando a mucilagem de C. africana para estabelecer um sistema eficaz de proteção e entrega de cepas probióticas. Lacticaseibacillus rhamnosus e Bifidobacterium adolescentis foram encapsuladas com alginato e MUC, pelo método de extrusão e revestidas com quitosana. As microcápsulas foram caracterizadas quanto às suas propriedades físico-químicas, a eficiência de encapsulamento, a homogeneidade e distribuição das bactérias e a viabilidade celular ao longo do armazenamento e de digestão simulada in vitro. Os resultados mostraram que a incorporação de MUC resultou em microcápsulas de maior diâmetro (~670-680 μm), com estrutura mais densa e resistência térmica superior (>250°C), além de uma eficiência de encapsulamento superior a 93% e uma distribuição uniforme das cepas. Além disso, a presença de MUC também conferiu maior proteção às bactérias probióticas ao longo do armazenamento refrigerado (4°C, 4 meses) e sob condições simuladas in vitro do trato gastrointestinal, garantindo uma viabilidade celular superior a 10⁸ UFC/g. Portanto, os achados deste estudo reforçam o grande potencial da MUC como matriz para a produção de microcápsulas simbióticas, uma abordagem inovadora e sustentável que atende às crescentes demandas do mercado por novos alimentos funcionais e produtos nutracêuticos de alta eficácia.