DESIGN DO SENSIVEL: nas trilhas de uma poetica visual.
Poética visual. Arte têxtil. Design sensível. Processo criativo. Pesquisa-criação. Bolsas-esculturas.
Entre fios e ressignificações, o fazer manual tece novas epistemologias que desafiam as fronteiras entre arte, design e tradição. A partir desse entremear, esta pesquisa investiga as intersecções entre design e arte por meio de uma poética visual, e parte de referências na cultura material têxtil (técnicas, fibras) e imaterial (saberes tradicionais têxteis) herdadas de ancestrais – não como estudo antropológico, mas como matriz pessoal ressignificada no ato de criar. Um espaço em que a liminaridade atua como ambiente de invenção com o objetivo de cartografar de forma poética um processo criativo que desenvolve artefatos têxteis artísticos, bolsas-esculturas. O Design do Sensível atua por meio de uma abordagem que reconhece a importância do gesto manual, da materialidade e das subjetividades nos processos criativos contemporâneos. A pesquisa se desenvolve como um exercício de escuta atenta aos saberes tradicionais e às temporalidades plurais da criação. Inspirado na fenomenologia da percepção de Merleau-Ponty (1999; 2017) e pelos caminhos do fazer propostos por Ingold (2013), o projeto, baseado na Arts Based Research, organiza-se em três eixos complementares e iterativos: a imersão na temática da pesquisa; experimentação por meio de um laboratório criativo; e na implementação, um espaço de criação e registros das relações entre corpo, material e significações. Estes eixos convergem no desenvolvimento de bolsas-esculturas que funcionam como artefatos liminares – objetos que desafiam categorizações rígidas entre utilitário e artístico, entre tradicional e contemporâneo. Os resultados da pesquisa se manifestam por meio da elaboração de um arquivo sensível (textual, visual e tátil); mapeamento prático de saberes manuais em espaços híbridos; e construção de narrativas visuais que articulam memória e identidade cultural. Como contribuição teórica, o trabalho expande o debate sobre design ao desestabilizar fronteiras disciplinares e valorizar conhecimentos encarnados na prática artesanal. Na dimensão metodológica, sugere o corpo como mediador fundamental entre técnica e cultura no ato de projetar. Na dimensão prática oferece ferramentas para integrar saberes tradicionais sem diluir suas camadas simbólicas em estereótipos visuais. Assim, o Design do Sensível emerge como arcabouço teórico-prático que celebra a pausa reflexiva, o erro como parte do processo, a beleza do gesto imperfeito e as memórias materiais e imateriais que os corpos e os materiais carregam, configurando-se como estudo exploratório aberto às possibilidades não hierárquicas entre arte, design e cultura.