A TECNOLOGIA DO GENERO EM PICTOGRAMAS: UM ESTUDO SOBRE A PRODUCAO DE ESTEREOTIPOS NO DESIGN DE INFORMACAO.
Design de Informação; Pictogramas; Tecnologia do Gênero; Retórica Visual; Estereótipos.
A dissertação analisa criticamente como os pictogramas, no design da informação, perpetuam estereótipos de gênero, desmistificando sua suposta neutralidade. O objetivo é demonstrar que, tanto em sistemas históricos (como ISOTYPE, Handbook of Pictorial Symbols, Symbol Signs) quanto contemporâneos, o corpo masculino é reforçado como padrão universal e a figura feminina como uma variação marcada. A metodologia qualitativa e interpretativa empregou a análise visual crítica, embasada na taxonomia de Bakker (2021) para a evolução gráfica dos pictogramas. Integraram-se as perspectivas da retórica visual de Emanuel (2010), que ressalta a intencionalidade em toda escolha gráfica, e da tecnologia do gênero de Lauretis (1987), que compreende o gênero como uma construção cultural reforçada por representações reiteradas. Os resultados revelam que a figura masculina geometrizada é amplamente utilizada em contextos gerais (saídas, escadas rolantes, acessibilidade), agindo como o "neutro" universal. Em contraste, a figura feminina é consistentemente marcada (vestidos, cabelos, formas curvilíneas) e restrita a papéis socialmente atribuídos, como cuidado e domesticidade. Essa assimetria visual reflete e perpetua uma lógica patriarcal, onde a ausência de mulheres em papéis de autoridade ou ação é normalizada, e o "estranhamento" ao vê-las em tais contextos confirma a eficácia da tecnologia do gênero. A pesquisa conclui que os pictogramas são dispositivos ideológicos poderosos, não neutros. Isso implica a necessidade de um design que reconheça sua responsabilidade ética na construção de narrativas visuais e seja capaz de romper com os padrões clássicos de normatividade. O design, sendo um campo social e político, deve buscar a representação plural das identidades para construir um mundo visualmente mais justo e inclusivo.