CENÁRIO DO ENSINO DE MATERIAIS EM CURSOS DE DESIGN NO BRASIL E ITÁLIA: estratégias e práticas
Experiências materiais, Educação de materiais no Design, Design industrial, design emocional, sustentabilidade, desmaterialização, design para desmontagem.
A relação do profissional de Design com os materiais vem sendo aprimorada com o transcorrer do tempo, em consequência dos avanços tecnológicos e demandas ecossocioambientais percebida em cada era. Destaca-se a essencialidade dos materiais para compor o cotidiano humano, visto que somos rodeados por artefatos, e estes requerem matéria-prima para que projetos e "desenhos" tornem-se tangíveis. Desde a revolução industrial, do início do sec. XVIII, e a criação da profissão do design no sec. XIX, a relação com os materiais, processos, e repercussão destes ao meio está em constante reformulação. Isso, tendo em vista o cenário global de hábitos diversos, condicionamentos pregressos, bons e insalubres, e hábitos contemporâneos que refletem o passado, assim como a radicalidade antagônica deste. Considerando a complexidade comportamental humana, em menor escala, esta realidade não seria diferente no que tange a relação do profissional de design com materiais. Dessa forma, a presente tese foca em um micro cosmo, e questiona quais as práticas atuais e as melhores condutas para aprimorar o ensino de materiais em instituições de ensino superior de Design. Para responder tal questionamento, a tese consistiu na realização das seguintes etapas: a revisão sistemática, apontando o estado da arte na literatura científica; investigação das ementas de cursos em 5 instituições do Brasil e 5 na Itália; seleção de 05 profissionais atuantes e relevantes de cada país, com os quais foram realizadas entrevistas semi estruturadas, a fim de compreender suas perspectivas da atualidade e visões da vanguarda para o aprimoramento do ensino da relação do ‘designer’ e os materiais. Os resultados, com maior particularidade no corpo do trabalho, apontam inicialmente à importância da construção cultural, já que esta é substancial ao repertório do projetista, fundamenta sua formação crítica e influenciará subsequentes tomadas de decisões. Os professores entrevistados, apesar das distinções culturais, explicitam que com o aporto interdisciplinar, o discente pode compreender que a seleção de materiais para o design sustentável não se encerra ao escolher um determinado material, mas ao discernir o melhor processo e como essa matéria-prima vai se comportar durante todo o seu ciclo de vida. Eles estão cientes da importância das bibliotecas e experimentos materiais, e concluem que esta etapa é fundamental para aflorar a criatividade. No entanto, são firmes ao apontar o design, nesse contexto, visa a produção, e deve ir além da experimentação preliminar e aprofundar-se nos quesitos técnicos. Para tal, devem estreitar a comunicação e colaboração com outras áreas técnico cientificas, como a engenharia, a química e a física; evidentemente, com consciência das próprias limitações. Adicionam que ao tratar de materiais deve haver um vocabulário transversal, o qual o possibilite traduzir seus anseios e decodificar conceitos das partes colaboradoras, gerando uma comunicação eficaz. Por fim, convergem ao estado da arte, ao abordarem a relevância que o designer tem no processo de ressignificar, e por meio do material, proporcionar desenvolvimento local. Com isso, a disciplina de materiais, por ser apresentar de forma específica e/ou generalista no curso, decodificada para designers ou não, tem apresentado oportunidades e desafios para que o corpo acadêmico se integre. Para que, com base em bons critérios e práticas, usem a disciplina de materiais como uma das lentes que pode reverberar ética e usar potencialmente a materialização para viabilizar contextos frutíferos ao meio.