A FESTA DE SAO JOAO E A SUA TERRITORIALIDADE NO PARQUE DO POVO: as transformacoes de um festejo popular
Festa popular, Festa Junina, Parque do Povo, São João de Campina Grande, Territorialidade.
As festas populares desempenham um papel fundamental na formação das relações sociais e na construção da identidade cultural brasileira, sendo as festas juninas um de seus maiores expoentes, especialmente no Nordeste. No entanto, o São João tem sido progressivamente ressignificado por estratégias de mercantilização cultural, que afetam não apenas sua materialidade, mas também os elementos simbólicos que sustentam sua tradição. Neste contexto, a festa de São João em Campina Grande (PB) é analisada como um fenômeno territorializado que evidencia tensões entre tradição e espetáculo, cultura e mercado. O objetivo desta pesquisa é identificar as permanências e mudanças ocorridas nos espaços que abrigam as festas juninas na área urbana, observando como os atributos e valores associados à tradição são afetados e como se manifestam no Parque do Povo, objeto empírico deste estudo. Para isso, adota-se como base teórica e metodológica a abordagem DO PLANEJAMENTO-GESTÃO da Conservação Integrada, articulada aos conceitos de território e territorialidade, com foco na leitura da forma urbana e das práticas culturais como constitutivas do espaço. Como resultado, a pesquisa aponta que o espaço do Parque do Povo passou por um processo de centralização, reconfiguração e espetacularização, evidenciando a patrimonialização convulsiva da festa e o controle crescente sobre o território festivo. Embora a festa mantenha símbolos da tradição, sua organização é atravessada por lógicas de consumo, gestão privada e usos políticos. A territorialidade do São João em Campina Grande revela-se, assim, em disputa: entre a memória e a marca, entre o pertencimento e a cenarização. A dissertação está estruturada em quatro capítulos: o primeiro discute o sentido simbólico e urbano das festas populares; o segundo apresenta os fundamentos teóricos sobre território e produção do espaço; o terceiro analisa a história e transformação do Parque do Povo; e o quarto realiza a leitura morfológica e espacial do espaço festivo. Nas considerações finais, destaca-se a importância de compreender o espaço urbano como construção simbólica e social, revelando as disputas e apropriações que moldam a festa junina na contemporaneidade.