A REPRODUCAO DAS OPRESSOES DE GENERO, RACA E CLASSE NAS CIDADES E AS EXPERIENCIAS DAS MULHERES NEGRAS DA COMUNIDADE ARATU EM JOAO PESSOA/PB
Gênero, Raça, Classe, Direito à Cidade, Aratú, João Pessoa PB
A experiência das mulheres nos espaços urbanos varia conforme gênero e raça, intensificando a desigualdade entre mulheres brancas e negras. As mulheres negras enfrentam não só a opressão de gênero, mas também o racismo, que amplifica a agressividade nas abordagens e a intensidade dos abusos, expondo-as a riscos adicionais. A ideia de que as mulheres pertencem ao espaço doméstico reforça a justificativa para violências de gênero em espaços públicos e privados. A racialização, resultante da colonialidade, acentua a violência contra mulheres que não se encaixam no padrão patriarcal. Nesse contexto, as mulheres negras são vistas de forma subalterna, não como deslocadas, mas como servas da estrutura exploratória branca e masculina. A problemática central deste estudo reside em compreender como a estrutura desigual das cidades brasileiras reproduz e reforça as injustiças sociais, afetando profundamente as mulheres negras, cuja experiência urbana é atravessada por múltiplas opressões. O planejamento urbano pode tanto reforçar quanto desafiar as relações sociais patriarcais, ao moldar ou restringir as possibilidades de mobilidade das mulheres no espaço público. A pesquisa parte da premissa de que a produção do espaço urbano nas cidades brasileiras não é neutra, mas profundamente marcada pelas desigualdades estruturais de gênero, raça e classe, e que essas opressões se manifestam de forma particular na vivência das mulheres negras em territórios periféricos. Assume-se, ainda, que o planejamento urbano pode reproduzir ou contestar essas estruturas, moldando diretamente as condições de vida e de moradia da população mais vulnerável. A partir disso, a questão central desta pesquisa é: de que forma a produção do espaço urbano reproduz as opressões de gênero, raça e classe, reforçando a segregação socioespacial e precarizando a moradia das mulheres negras, em especial as da Comunidade Aratu, em João Pessoa/PB? Para respondê-la, a investigação se estrutura a partir de uma abordagem qualitativa, de natureza aplicada e caráter exploratório-descritivo. A pesquisa adota como estratégia o estudo de caso, utilizando técnicas como a análise documental, levantamento de dados secundários, observação de campo e entrevistas com mulheres moradoras da Comunidade Aratu. Com base nesses procedimentos, busca-se compreender não apenas as condições objetivas de moradia e infraestrutura, mas principalmente as experiências cotidianas, percepções e formas de resistência construídas pelas mulheres negras diante da exclusão urbana.