Urbanidade no Recife: a necessidade de transformacao da Forma Urbana
PALAVRAS-CHAVE: 1. Arquitetura da Cidade; 2. Forma urbana; 3. Formas de crescimento urbano. 4. Urbanidade; 5. Morfologia urbana; 6. Tipologia arquitetônica; 7. Arquitetura do Edifício; 8. Dimensão urbana da arquitetura.
RESUMO
A presente pesquisa investiga a forma de crescimento urbano que a Cidade do Recife tem experimentado nos últimos anos. Refiro-me à forma de crescimento urbano legal, pautada por legislação, portanto, não me refiro às formas de crescimento urbano informal. Mais especificamente, trato da forma urbana definida pelo edifício, o principal vetor do crescimento urbano, afinal de contas a legislação urbana, a LUOS, contempla o lote e os parâmetros de ocupação do edifício sobre ele, porém, não aborda a dimensão urbana da arquitetura, o seu papel fundamental na criação de urbanidade. Neste sentido, o edifício, contraditoriamente, tem sido o protagonista da desurbanidade, pois é um artefato que evita a cidade, não interage com ela.
Esta forma de crescimento urbano tem apresentado um fenômeno urbano interessante: a cidade sofre um adensamento mas a rua é vazia, sem vida. E o adensamento, geralmente, é atribuído pelos urbanistas como atributo essencial à vitalidade urbana.
O tema central da pesquisa é a arquitetura da cidade, tratada por Rossi (1998), porém outros temas o complementam o referencial teórico conceitual, como a urbanidade, de Jacobs (2003), a imagem da cidade, de Kevin Lynch (1999) e a paisagem urbana, de Gordon Cullen (1985). A arquitetura da cidade, de Rossi (1998) ganha novas contribuições de Panerai, Castex e DePaule (2012), pesquisadores franceses que discutem o papel da quadra na modernização das cidades, e da equipe de Solà-Morales (2003), arquiteto catalão que discute a partir de uma lógica particular, as principais formas de crescimento urbano de Barcelona. A escolha do método morfológico, como o instrumento de análise do fenômeno, ocorre, tendo em vista que, é, em última instância, na forma urbana que vivenciamos a desurbanidade promovida pelos edifícios na Cidade do Recife. É por essa razão que o método morfológico assume protagonismo no trabalho.
O objetivo primeiro é avaliar a forma de crescimento urbano, sob a ótica do método morfológico, da Cidade do Recife a partir do edifício que tem feito mudanças consideráveis no parcelamento do solo, uma vez que, os artefatos arquitetônicos dessa escala necessitam de maior quantidade de solo para se erguer. Esta troca tipológica não tem modificado apenas a camada do parcelamento do solo, mas também a da urbanização, que compõe o espaço urbano e as redes de infraestrutura urbana. A arquitetura e o adensamento têm contribuído para modificar a natureza do uso do espaço urbano.
O objetivo de natureza propositiva será feito a partir do conhecimento do fenômeno de essência morfológica. Algumas discussões devem ocorrer no que diz respeito à unidade de intervenção, como: será que tem sentido manter o lote como unidade mínima de solo para a construção de edifícios? Ou a quadra pode ser considerada um ponto de partida para se discutir as intervenções, buscando estabelecer uma ideia de conjunto? A tese de Medina (2017) trata da questão e certamente trará contribuições para o trabalho.
Quanto à tipologia, aspecto central da tese, também deve-se argumentar sobre os instrumentos e medidas que a PCR poderia tomar para cobrar uma maior urbanidade na forma de crescimento urbano. Será que pode-se atuar com projetos na escala da quadra e do edifício? A garagem e demais atividades condominiais podem ser tratadas no âmbito da quadra desmembrada dos edifícios, e os edifícios, agora com térreos liberados, podem incluir atividades de comércio e serviços voltados às ruas. São pontos que devem surgir como recomendações, à guisa de conclusão, para a definição de uma forma de crescimento urbano atrelada à criação de ambientes essencialmente arquitetônicos, ou seja, com significado, intenção estética e propício à vida (Rossi, 1998).