DA UTOPIA RIOTECA À HETEROTOPIA DO ESTADO: A PATRIMONIALIZAÇÃO GLOBAL SOBRE O TERRITÓRIO USADO NA CIDADE DO RECIFE
RioTeca; território usado; rio Capibaribe; espaço público; favela.
Partindo da constatação empírica da iminente desigualdade entre os investimentos em
infraestrutura e espaços livres públicos realizados e existentes nas margens esquerda e
direita do Rio Capibaribe, na cidade do Recife, a pesquisa busca compreender a potência
presente na totalidade das dimensões do território usado na margem direita do Capibaribe,
nas imediações da Vila Santa Luzia, no bairro da Torre. Metodologicamente, a pesquisa
explora a história do espaço banal por meio de fotos, documentos, reportagens,
observações in loco e imagens de satélite do território, desde a Favela Abençoada por
Deus, passando pela remoção da favela, até a formação da Favela Via Mangue da Torre,
que foi um dos motores para o surgimento do espaço público RioTeca. A partir da
compreensão das dimensões de uso do território, foi possível caracterizar o fenômeno
urbano RioTeca como um espaço heterotópico, que emergiu no Recife a partir do sonho
– utopia – de novos usos para o espaço banal preterido pela produção urbana hegemônica.
Por fim, em um movimento dialético entre as forças da produção urbana, é levantado um
debate sobre a patrimonialização global que, sob um verniz ecológico, impõe sobre os
territórios transformações que negam o patrimônio-territorial construído na relação entre
sociedade e território ao longo da história.