O LEGENTE E O AUTORAL EM MARIA GABRIELA LLANSOL, ITALO CALVINO E JORGE LUIS BORGES
legente; autoral; autor-como-leitor; Llansol; Calvino; Borges.
A proposta deste projeto de tese está circunscrita a uma investigação transversal e comparativa no entorno do conceito de “legente” e mobiliza, para isso, procedimentos e produtos literários de Maria Gabriela Llansol, Italo Calvino e Jorge Luis Borges. Pretendo, ao longo da pesquisa, explorar a máquina processual dos leitores-escritores em que são impulsionadas relações entre as categorias literárias “leitor” e “autor”, bem como rastrear
procedimentos estéticos que dão forma ficcional a personagens igualmente leitores. Apoiando-me na noção de “gênio não original” (PERLOFF, 2013), para interpretar o que faz o autor enquanto leitor e verificar os novos dinamismos propostos pelo texto autoral, as situações de leitura e as operações de escrita empreendidas pelos autores legentes do corpus desta pesquisa são problematizadas à luz do cruzamento conceitual com dispositivos teórico-críticos elaborados por pensadores como Alberto Manguel ([1996] 2021; [2013] 2017), Antoine Compagnon ([1998] 2010), Giorgio Agamben ([2005] 2007), Leonor Arfuch ([2002] 2010), Marjorie Perloff ([2010] 2013), Michel Foucault ([1969] 2015), Roger Chartier ([2000] 2021), Roland Barthes ([1968] 2004), Ricardo Piglia (2006), Umberto Eco (1994; [1979] 2011), Wolfgang Iser ([1976] 1996; 1999), dentre outros. Por vezes pactuando com determinadas posições ou mesmo refutando perspectivas, empenho-me em esquadrinhar pontos de contato ou distanciamento que os projetos literários estabelecem entre si, quando entrecruzados por teorias e críticas, fazendo convergir para o que proponho ser a categoria “autor-como-leitor”,
expressão reajustada a partir do uso feito por Alberto Manguel (2021). A fim de delinear a feição e investigar o papel do leitor nos processos de legência e de escritura das obras, torna-se necessário compreender o status das categorias em fricção (“leitor”, “autor” e “autor-como-leitor”) por intermédio dos gestos legente e autoral enfeixados na arquitetura ficcional das obras literárias.