ESCREVER COM A MAQUINA: (NOVOS) LETRAMENTOS ACADEMICOS NA INTERACAO COM INTELIGENCIAS ARTIFICIAIS GENERATIVAS
Letramentos acadêmicos; Inteligências artificiais generativas; Autoria; Ética.
Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar as implicações formativas, autorais e éticas dos usos das inteligências artificiais generativas (IAG) que subjazem aos usos desta tecnologia, os quais implicam novos comportamentos e atitudes em relação à autoria quanto ao planejamento e à produção de textos acadêmicos de graduandos em Letras. Como trajeto e escolhas metodológicas, sob uma abordagem qualitativa (Gomes, 2009) e resguardados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco (Parecer 6.954-891), desenvolvemos um estudo etnográfico (Marconi; Lakatos, 2017 [1985]; Angrosino, 2009), ao acompanharmos alunos dos Cursos de Letras Bacharelado, Português (Licenciatura) e Espanhol (Licenciatura) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), regularmente matriculados na disciplina Português V - Letramentos (LE834), no semestre 2024.1 da Instituição, entre abril e outubro de 2024. Na observação direta, convivemose com 17 participantes-voluntários, ao termos, como enfoque e corpus, as práticas letradas que esses discentes desenvolveram, ao longo da disciplina, na produção de textos acadêmicos, por meio de IAG, considerando-se o uso ético e responsável da máquina no desenvolvimento dessas práticas universitárias. A análise de tal corpus, por sua vez, fez com que mobilizássemos determinados conceitos e autores, a saber: i) as singularidades maquínicas nos textos gerados pelas IAG (Paveau, 2021; Santaella, 2024; Buzato, 2009; 2023); ii) os outros/novos modos de escrita acadêmica, frente aos usos das IAG, o que gera implicações autorais e formativas nos letramentos acadêmicos dos discentes (Lea; Street, 2014; Kalantzis; Cope; Pinheiro, 2020; Bakhtin, 2016 [1952-1953]; 2020 [1920-1924]); e iii) as questões éticas em jogo, na utilização das IAG para a construção do conhecimento científico (Kaufman, 2021; Hashiguti, 2025; Santaella, 2024). Com a análise parcial dos dados gerados no estudo, entendemos que houve mudança de perspectiva, por parte dos estudantes, sobre o lugar e os papéis das IAG no fazer acadêmico, não mais lhes outorgando a função de mero suporte, mas compreendendo singularidades bem como questões autorais e éticas postas na interação com a máquina, que precisam ser consideradas nos processos de letramento acadêmico. Em paralelo, observamos a premente necessidade de estabelecimento de diretrizes institucionais e uma formação acadêmica transversal sobre os usos das IAG na Universidade.