ROTAS INVISÍVEIS: POLÍTICAS DA MEMÓRIA NAS FICÇÕES DE MARIA VALÉRIA REZENDE E CAROLA SAAVEDRA
Literatura e Memória; Matéria de Memória; Literatura e espaço; Maria Valéria Rezende; Carola Saavedra
O presente trabalho de tese tem como proposta analisar como é articulada uma política da memória nas ficções de Maria Valéria Rezende e Carola Saavedra, a partir das representações mobilizadas no texto literário, buscando compreender de que modo o agenciamento da memória promove mais do que um espaço de rememoração ou arquivamento das lembranças, rasurando as ordenações cristalizadas na sociedade, ao evocar outras formas de reflexão sobre o indivíduo e a comunidade. Tais questões serão observadas nos romances: O voo da guará vermelha (2005) e Quarenta Dias (2014) de Maria Valéria Rezende, e O inventário das coisas ausentes (2014) e Com armas sonolentas (2018) de Carola Saavedra. A discussão sobre como se configura essa política da memória nas ficções das autoras será pensada a partir de algumas categorias recorrentes em suas obras, a saber, a identidade, a experiência e o deslocamento. Observou-se um conjunto de temáticas em comum dentro das ficções produzidas pelas duas autoras, que conectam discussões em torno da ausência, família, abandono e escrita mediadas pelos caminhos da memória, que agregam dessa maneira, uma forma de ação no mundo, ao reordenar e possibilitar outros vieses do coletivo dentro das vozes singulares que narram as histórias. Pensar essa política da memória nas ficções elencadas se torna possível no sentido de ser uma forma de ação que privilegia representações sociais/discursivas e formas de ver/sentir o mundo de diferentes perspectivas dentro do território literário.